Publicado em 18/03/2024As exportações brasileiras de carne bovina para a União Europeia pela Cota Hilton estão prestes a concluir mais um período sem crescimento. Essa cota, que anteriormente atraía muitos frigoríficos brasileiros, perdeu apelo nos últimos anos devido às altas exigências dos compradores europeus e ao aumento da demanda pelo mercado chinês.
A Cota Hilton permite um limite de exportações de cortes bovinos de alta qualidade com tributação reduzida. Para a carne bovina congelada sem osso, a tarifa dentro da cota é de 20%, e fora dela, 42,43%. Em 2023, o preço médio da carne in natura exportada para a União Europeia foi de US$ 7,49 mil por tonelada, superior à média geral de US$ 4,6 mil, destacando a importância do mercado europeu para cortes nobres.
O Brasil utilizou apenas 22% da cota Hilton no período 2023/24. Antônio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), destaca a relevância do mercado europeu e estima que a utilização da cota alcance 32% até o final do período, semelhante ao ano anterior. Ele atribui a redução gradativa no uso da cota desde 2015/16 a novas exigências técnicas impostas pela União Europeia, que funcionam como barreiras comerciais.
Alcides Torres, da Scot Consultoria, menciona que entre as exigências está a rastreabilidade do gado e condições específicas de criação. A complexidade das operações e as alternativas de mercados mais atrativos, como o chinês, fazem com que alguns frigoríficos prefiram não explorar a cota Hilton.
Apesar da diminuição de interesse pela cota, o Brasil ainda vê oportunidades no mercado europeu, enquanto enfrenta a competição de países como Uruguai e Argentina, que exploram melhor essa cota. A cotação de preços e a habilitação de novos frigoríficos para o mercado chinês influenciam as estratégias comerciais brasileiras.
Pedro Rodrigues, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ressalta que o foco em outros mercados, como o chinês, não significa falta de qualidade do gado brasileiro, mas uma decisão estratégica dos produtores e frigoríficos.