Publicado em 01/06/2022Depois de findados os prazos estipulados inicialmente, o embargo chinês à importação de carne de duas unidades goianas do Frigorífico JBS, localizadas nos municípios de Mozarlândia e Senador Canedo, ganha status de indeterminado. Mas o Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados de Goiás (Sindicarne) estima que a redução no volume de abates no Estado seja de, no máximo, 10% e tende a se normalizar, já que os frigoríficos continuam abatendo para vender para outros mercados dentro e fora do Brasil.
A suspensão das importações de carne bovina da unidade da JBS em Mozarlândia (GO) pela China, anunciada no último dia 23 de março, tinha uma estimativa inicial de durar apenas um mês, segundo pecuaristas. Mas já ficou definido que será por tempo indeterminado.
O motivo do embargo seriam traços do vírus da Covid-19 encontrados em embalagens da carne produzida na unidade e vendida aos chineses. Após o anúncio do da suspensão, a unidade deu férias coletivas de 20 dias para seus funcionários, mas já voltou a abater.
Na semana passada, a Administração Geral de Alfândegas da China (sigla em inglês GACC) suspendeu temporariamente as importações de carne bovina de mais quatro frigoríficos brasileiros, entre eles a unidade de Senador Canedo, da JBS. A interdição teria ocorrido pelo mesmo motivo e teria prazo estipulado de uma semana, que já venceu. O Sindicarne estima que este novo embargo também tenha tempo indeterminado.
“Acho que não teremos novidades sobre isso tão cedo. Isso porque, neste momento, a China não está interessada em resolver problemas externos, só internos. Está focada em evitar a disseminação da Covid em seu território”, lembra o presidente do Sindicarne, Leandro Stival.
Vale lembrar que os chineses voltaram a enfrentar um rígido lock down, nas últimas semanas, que limitou a circulação de mercadorias e o desembarque de produtos em seus portos. Em Xangai, por exemplo, as restrições foram encerradas nesta segunda-feira (30), após dois meses.
Segundo ele, não é possível se apegar aos prazos inicialmente estipulados para os bloqueios, que dependem de novas vistorias realizadas pelos chineses nas unidades. “Às vezes, estabelecem um prazo inicial, mas, após o fim deste período, o status já muda para indeterminado”, explica Leandro.
Impactos
Ele lembra que Goiás abate, mensalmente, cerca de 220 mil cabeças de bovinos, mas acredita que a redução dos abates por causa do embargo chinês chegou a, no máximo, 10% deste total, o que não representa um grande impacto. “As unidades já voltaram a realizar os abates para atender outros mercados e tudo já começa a voltar à normalidade. Só não irão operar com capacidade total”, afirma o presidente do Sindicarne.
Ele lembra que, além da China, os frigoríficos estão habilitados para exportar para outros mercados, que absorvem uma boa parte do produto que seria destinado aos chineses. Por isso, pode ser feita uma redistribuição. “Com isso, as indústrias vão direcionando suas plantas a atenderem outros mercados para os quais estão habilitados”, explica. Além da União Europeia, a unidade da JBS em Senador Canedo, por exemplo, atende Chile, Estados Unidos, Oriente Médio e China.
Pecuaristas
Apesar de as suspensões terem pouco impacto sobre o volume a ser exportado pelo Brasil, a medida afetou o preço do boi gordo nas regiões das unidades suspensas, pois o preço da arroba já teria caído para R$ 270. Pecuaristas alegam que o embargo chinês foi anunciado num momento em que há muitos bois no pasto prontos para abate e que o excesso de animais no pasto ou no confinamento representa um prejuízo crescente.
Na última semana, o presidente da Associação Goiana de Produtores de Novilho Precoce, Ronam Antônio Azzi, disse que os pecuaristas já estavam muito preocupados com prováveis prejuízos, que impactariam toda a cadeia produtiva do boi. Segundo ele, um animal confinado representa um custo adicional de, pelo menos, R$ 24 por dia. Já no pasto, pode haver uma significativa perda de peso dos bovinos por causa do período seco, que reduz a qualidade do alimento.
A JBS ainda não se pronunciou sobre os embargos em suas unidades no País. Com informações do jornal O Popular.