Publicado em 20/03/2024O Ministério da Agricultura planeja implementar um sistema nacional de rastreabilidade bovina para controle sanitário do rebanho ainda este ano. A meta é rastrear de 30% a 50% dos animais até lá. A rastreabilidade, discutida há décadas, é considerada essencial, apesar das divergências sobre sua obrigatoriedade, custos e preservação de dados, como as Guias de Trânsito Animal (GTA).
A urgência do projeto aumentou após pedidos de grandes importadores, como China e Rússia, para aprimoramento da rastreabilidade animal no Brasil. Segundo Carlos Goulart, secretário de Defesa Agropecuária, o objetivo é antecipar-se a imposições internacionais e evitar impactos nas exportações de carne. A proposta sugere adesão obrigatória, mas ainda não está definida.
Goulart destacou a importância de implementar a rastreabilidade em até 50% do rebanho até 2026, visando o reconhecimento do Brasil como país livre de aftosa sem vacinação. O Brasil contava com mais de 234,4 milhões de cabeças de gado em 2022, segundo o IBGE.
O sistema proposto pelo ministério visa rastrear os animais desde a primeira movimentação até o abate, sem necessidade de registro no nascimento. Uma estratégia divide o país em blocos de estados para iniciar a identificação. O Brasil já possui o Sisbov, criado em 2002 para atender demandas da União Europeia, mas este abrange apenas a identificação 90 dias antes do abate.
Atualmente, mais de 1,2 mil fazendas estão habilitadas a exportar para a UE, com adesão voluntária. Em 2023, 4,8 milhões de animais foram rastreados para exportação à Europa. Santa Catarina já possui um sistema de monitoramento completo do rebanho.
Goulart reforça a inevitabilidade da rastreabilidade para assegurar a saúde animal e a qualidade sanitária, essencial para a abertura e manutenção de mercados internacionais. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) defende a adesão voluntária e um prazo de oito anos para a implementação gradual, preocupada com os custos e impactos para os produtores, especialmente os menores, sugerindo alternativas como biometria facial bovina e incentivos para facilitar a adesão.