Publicado em 30/09/2016De perfil agressivo quando o assunto é aquisições, a JBS vai inaugurar amanhã seu primeiro frigorífico construído do zero. A unidade de abate de bovinos, que recebeu investimentos de US$ 80 milhões (cerca de R$ 260 milhões), está localizada no Departamento de Concepción, no Paraguai. A inauguração deve alçar a JBS à posição de maior companhia de carne bovina naquele país.
"Sempre adquirimos ou arrendamos. Em 60 anos de história, é o primeiro construído do zero", disse ao Valor o presidente da JBS no Paraguai, Felipe Azarias. Fundada em 1953 em Anápolis (GO), a empresa é a maior produtora de carnes do mundo, com receita anual superior a R$ 160 bilhões.
No Paraguai, a JBS já tinha duas unidades que, juntas, têm capacidade para abater 1,6 mil cabeças de gado bovino por dia. Com a nova fábrica, que fica no distrito de Belén, a capacidade de abate da empresa no país crescerá 75%.
O frigorífico recém-construído pela JBS pode abater 1,2 mil cabeças de bovinos em apenas um turno. O foco das operações da empresa no Paraguai é o mercado externo. Do total produzido, mais de 80% é exportado, sobretudo para Chile, Rússia, Israel e Brasil.
De acordo com Azarias, o investimento fará a JBS ultrapassar a capacidade das então líderes, a paraguaia Concepción e a brasileira Minerva Foods, que é capaz de abater 2,3 mil bovinos por dia em três frigoríficos no Paraguai. "[A nova fábrica] nos alinha com o que temos no mundo", disse o executivo, citando a liderança da JBS no Brasil e na Austrália.
Questionado sobre o retorno dos US$ 80 milhões investidos na unidade, Azarias evitou dar detalhes. Mas, tomando por base o frigorífico paraguaio Frigomerc - que pertence à Minerva -, é possível ter uma noção do potencial. Quando anunciou a compra do Frigomerc, em 2012, a Minerva estimou um faturamento anual de cerca de US$ 150 milhões com a unidade, que tem porte semelhante ao da nova unidade da JBS.
Para Azarias, o crescimento da pecuária no Paraguai justifica o investimento. "O país apresenta a maior taxa de crescimento do rebanho no Mercosul", afirmou. De acordo com o Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal (Senacsa) do Paraguai, o rebanho bovino somava pouco mais de 14 milhões de cabeças em 2015. Nos últimos cinco anos, o rebanho paraguaio cresceu 15%, disse.
A escolha pela construção da unidade em detrimento de uma aquisição não se deve à ausência de alvos. "Poderia até existir", disse. O que pesou na escolha foi a localização da nova unidade. "É estratégica. Em um raio de 200 quilômetros, temos acesso a 70% do rebanho do Paraguai", destacou. Com informações do Valor.