Publicado em 08/08/2024A Minerva, maior exportadora de carne bovina da América do Sul, registrou lucro líquido de R$ 95,4 milhões no segundo trimestre, uma queda de 21% em relação ao ano passado. A variação cambial impactou negativamente o endividamento da empresa.
Edison Ticle, diretor financeiro, informou que a desvalorização do real frente ao dólar gerou uma despesa não caixa de mais de R$ 1 bilhão. No entanto, a empresa mitigou esse impacto com ferramentas de proteção cambial. “A política de ‘hedge’ quase anulou a desvalorização cambial, e conseguimos manter o lucro positivo”, afirmou ao Valor.
No segundo trimestre do ano passado, a Minerva ainda não havia adquirido 16 plantas da Marfrig. Embora a compra ainda aguarde aprovação do Cade, já impacta a dívida bruta da Minerva, aumentando as despesas financeiras, segundo Ticle.
Sobre a aprovação do Cade, Fernando Galletti de Queiroz, principal executivo da Minerva, disse que o processo está dentro do prazo legal, com expectativa de conclusão até o último trimestre do ano.
Apesar da queda no lucro líquido, os resultados operacionais da empresa melhoraram. O Ebitda cresceu 4,7% em relação ao mesmo período de 2023, atingindo R$ 744,6 milhões. A receita líquida aumentou 5,4%, alcançando R$ 7,66 bilhões.
Galletti de Queiroz destacou que a baixa oferta de gado nos EUA favorece a carne sul-americana no mercado internacional. “O Paraguai, recentemente autorizado a exportar para os EUA, assim como Brasil, Argentina e Uruguai, está se beneficiando desse cenário”, afirmou.
Os EUA representaram 13% da receita bruta da Minerva no segundo trimestre. As vendas externas totalizaram R$ 5 bilhões, com queda de 1,9% na receita anual devido à redução dos preços médios.
Ásia e Oriente Médio também foram importantes para as exportações, contribuindo com 21% e 8% da receita bruta, respectivamente.
No mercado doméstico, a receita bruta foi de R$ 3,15 bilhões, um crescimento de 18,9%. “Eles têm sido muito importantes”, destacou Queiroz sobre os mercados locais. A Minerva possui plantas de produção de carne bovina no Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Colômbia, e de ovinos na Austrália. O mercado brasileiro é o mais forte entre esses.
O volume de abates subiu 7,7%, atingindo 1,099 milhão de cabeças de gado, e as vendas cresceram 15,5%, para 362,7 mil toneladas. “Estamos abatendo mais animais pesados, por isso os volumes cresceram”, explicou Queiroz.