Publicado em 10/04/2024O setor agropecuário brasileiro, após registrar um crescimento de 15,1% no ano anterior, viu seu PIB aumentar 39% na última década, contrastando com o crescimento de 5,5% do PIB geral do país no mesmo período. O ano passado se destacou por um clima favorável e uma produtividade elevada, resultando em uma safra recorde de mais de 315 milhões de toneladas, segundo o IBGE, e 320 milhões conforme a Conab.
Entretanto, 2024 apresenta um cenário diferente para a agricultura devido ao clima desfavorável, com previsões de safra em forte queda. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) indica que a produção de soja deve ficar próxima de 145 milhões de toneladas, abaixo do recorde anterior. Similarmente, a produção de milho, em fase de semeadura da segunda safra, também tende a não atingir os patamares de 2023.
A redução na receita agrícola afeta o setor tanto internamente quanto no mercado, com variações de preços e clima influenciando decisões de investimento. A margem bruta da soja caiu 68% em relação à safra 2022/23, e o milho viu uma redução ainda maior. A pecuária leiteira também sentiu o impacto, com uma queda de 67,4% na margem de lucro dos produtores em outubro de 2023, comparado ao mesmo mês do ano passado, de acordo com a CNA.
A frente às incertezas para 2024, exacerbadas pelo El Niño, a CNA defende o aumento dos recursos para o seguro rural, atualmente em R$ 1 bilhão, para o necessário R$ 3 bilhões, visando cobrir cerca de 14 milhões de hectares.
A crise de rentabilidade na agropecuária é marcada pela inadequação dos preços dos grãos aos custos de produção. O deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), relata que os produtores estão vendendo soja a preços que não cobrem os custos, levando a uma deterioração das condições financeiras desde 2023. Ele destaca que a situação complica o cumprimento de financiamentos e gera incertezas sobre futuros investimentos.
Alceu Moreira (MDB-RS), ex-presidente da FPA, e Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) reforçam a necessidade de ações governamentais, incluindo políticas de preço mínimo e apoio financeiro. Sérgio Souza (MDB-PR) expressa preocupações sobre a capacidade do setor de sustentar a economia brasileira frente à crise atual, enfatizando a importância de soluções conjuntas entre governo e parlamento.