Publicado em 28/02/2024As importações de produtos lácteos no Brasil continuam em alta mesmo após a implementação de um decreto federal visando desencorajar compras externas. Produtores expressam receios sobre a eficácia dessa medida. O Decreto nº 11.732, firmado em outubro, restringe benefícios fiscais a empresas que não importam lácteos de países do Mercosul e que participam do Programa Mais Leite Saudável. Apesar disso, as importações na primeira metade de fevereiro ultrapassaram o total do mesmo mês em 2023, atingindo 187 milhões de litros.
Geraldo Borges, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), destaca o crescimento recorde das importações em 2023, alcançando 2,25 bilhões de litros, um aumento de 68,8% comparado a 2022. O Ministério da Agricultura e Pecuária informa que os altos volumes importados no início do ano referem-se a acordos concluídos antes da nova legislação, prometendo uma análise mais detalhada da situação a partir de fevereiro.
Os produtos lácteos importados vêm principalmente da Argentina e do Uruguai, afetando negativamente os produtores brasileiros devido à competição de preços. O decreto impacta apenas as indústrias de laticínios que importam, sem afetar varejistas e tradings. Expectativas apontam para uma possível desaceleração nas importações nos próximos meses, influenciada pela alta dos preços internacionais e pela situação econômica do Brasil.
No entanto, o desafio permanece para os produtores nacionais, especialmente os pequenos, diante de uma oferta excedente que pressiona para baixo o preço do leite, impactando a rentabilidade do setor.