Publicado em 20/06/2022O confinamento em 2022 tem tudo para registrar queda. Para quem aposta em redução, que geraria uma “lacuna” na oferta de animais prontos para o abate entre julho e agosto, as cotações do boi gordo em São Paulo poderão retornar ao patamar de R$ 350 por arroba ao longo do segundo semestre.
No primeiro giro, os animais chegam ao confinamento de março a maio, e saem entre junho e setembro. Segundo Maurício Velloso, vice-presidente da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon), menos animais foram enviados para terminação em sistema intensivo. Ele projeta uma oferta “sensivelmente menor” nos próximos meses.
Lygia Pimentel, diretora da Agrifatto, viajou pelo interior do país nas últimas semanas e viu muitos confinamentos vazios. “Em São Paulo, a lotação está grande porque, meses atrás, a diferença de preços em relação a alguns Estados, como Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, era tão grande que os pecuaristas trouxeram animais para terminar aqui”.
Em Campinas (SP), a saca de milho estava avaliada a R$ 97,20, em média, no dia 2 de março, acumulando alta de 81,5% em dois anos, segundo Cepea. Até o segundo dia deste mês, o valor caiu 11,7%, a R$ 85,80. Na mesma comparação, a arroba do boi no mercado paulista tinha subido 66,5%, para R$ 339,85, e depois caiu 7,4%, a R$ 314,60.
A Agrifatto estima o preço do gado entre R$ 340 e R$ 350 por arroba em outubro - a Assocon aposta no teto dessa projeção, com perspectiva de novos avanços em 2023, para até R$ 370. “Isso para acompanhar os patamares dos custos de produção que temos hoje”, observa Velloso.
Lygia lembra que, em ano de eleição presidencial, o boi sobe no segundo semestre. É assim desde 2002. “A alta ficou menos elástica conforme o poder de compra do brasileiro aumentou, mas ainda acontece”, frisa. Em 2018, segundo a consultoria, a arroba subiu 4,5%.
É difícil projetar o segundo giro neste momento, conforme a Assocon. Nessa etapa do confinamento, a entrada de animais começa este mês e vai até setembro, para saída no último trimestre. “A ausência de um preço de boi que cubra os gastos faz com que o confinador não ingresse no giro. Se perguntar hoje, o índice de quem pretende confinar, não vai passar de 20%. Eu diria que ficaria mais perto de 15%”, estima Velloso.
Segundo ele, o pecuarista está com medo de ter prejuízos com a alta dos grãos, em especial do milho. “O custo de produção aumenta mais que a arroba. E o boi sobe e desce, mas o custo não desce”. Com informações do Valor.