Publicado em 30/05/2022A tendência é universal. Muitos produtores estão deixando a atividade que se concentra, cada vez mais, em grandes propriedades de alta tecnificação e elevada produtividade
A tendência é universal: concentrar para otimizar. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) está preocupada com um fenômeno que ocorre no campo: o intenso abandono da atividade leiteira por produtores rurais. Na década de 1990 – de acordo com dados da Secretaria da Agricultura – existiam em território catarinense 75.000 produtores de leite. Agora, em 2022, são apenas 24.000 produtores.
Essa brutal redução de 68% do número de estabelecimentos rurais dedicados à pecuária leiteira está levando a uma forte concentração da produção, observa o vice-presidente Enori Barbieri. Nos últimos três anos verificou-se a maior taxa de abandono, consequência da conjugação de vários fatores como as secas que reduziram a oferta de alimento para o gado e a crise econômica que achatou o poder de consumo da população.
Outros fatores também interferem nesse fenômeno. Os pequenos produtores, por falta de capacidade de investimento, não puderam acompanhar as novas tecnologias, portanto tiveram dificuldade em ampliar a produção e a produtividade. Assim, perseveraram na atividade os proprietários de estabelecimentos maiores, com alto grau de automação e agregação de tecnologia que apresentam melhor qualidade, maior produtividade e balanceamento dos custos.
“O microprodutor ficou de fora porque produzia pouco e para a indústria não compensa enviar o caminhão de coleta para apanhar a matéria-prima de um produtor com 3 ou 4 vacas”, explica Barbieri. Entretanto, a maior taxa de desistência é daqueles que não conseguem produzir dentro da propriedade os insumos necessários para nutrição das vacas. Esses produtores não conseguem aumentar o plantel porque não tem comida para o rebanho – o que representa o maior item nos custos de produção.
O êxodo rural associado à sucessão nas famílias rurais também tem influência nesse cenário. Os filhos se mudam para as cidades e optam por atividades urbanas, enquanto os pais permanecem até encerrar o trabalho no campo e vender a propriedade rural.
O dirigente prevê que a concentração irá aumentar, favorecendo o surgimento de grandes e médias propriedades, com áreas mecanizadas onde o proprietário consegue plantar o pasto, fazer feno e manter baixos os custos de produção.
A situação foi acelerada no último triênio com grande desistência da pecuária leiteira por causas multifatoriais. Além do êxodo rural, da falta de capacidade de investimento e da interrupção da sucessão nas propriedades, a seca afetou a produtividade, a crise financeira baixou o consumo, o preço caiu e os custos subiram. Com informações da Assessoria de Imprensa da FAESC.