Publicado em 03/05/2022Com pouco mais de um mês no cargo, o ministro da Agricultura do Brasil, Marcos Montes, prevê uma "luta difícil" pela frente para conseguir recursos do Tesouro ao Plano Safra 2022/23 que possam garantir maiores financiamentos e juros abaixo de dois dígitos, enquanto inicia nesta semana uma viagem ao Norte da África e Oriente Médio na chamada "diplomacia dos fertilizantes".
Se no plano externo a ideia é "peregrinar" juntamente com o setor privado para "abrir portas" para maiores importações de fertilizantes, em um ambiente de custos crescentes e oferta escassa, no interno o ministro buscará formas de ampliar os financiamentos no âmbito do plano governamental para a próxima safra, que exigiria 300 bilhões de reais.
Em entrevista à Reuters, ele explicou que este é o montante estimado para fazer frente a demandas da agropecuária.
"Precisamos bater nesses 300 bilhões, vamos tentar...", disse ele, em entrevista por teleconferência na noite de segunda-feira.
No plano anterior, a oferta total de financiamentos prevista foi de 251 bilhões de reais, enquanto as operações com juros mais baixos, subsidiados pelo Tesouro, chegaram a ser suspensas neste ano devido à alta demanda --apenas na semana passada o Congresso deu aval a um crédito adicional para destravar tais empréstimos.
Segundo o ministro, que assumiu o posto em substituição à Tereza Cristina, que deixou o cargo para concorrer ao Senado, considerando que o Tesouro destinou 13 bilhões de reais para a chamada "equalização" de juros em 2021/22, a nova safra, com plantio a partir de setembro, precisaria de equivalentes 20 bilhões de reais.
"Para acompanhar a mesma situação do ano passado, é uma luta difícil, temos o ajuste fiscal, tem que cortar de algum lugar, ninguém quer que corte, mas (a agropecuária) é um setor importantíssimo para o país, e o presidente Jair Bolsonaro tem recomendado que o plano seja robusto", afirmou.
Montes, ex-secretário-executivo da Agricultura, disse que após o "destravamento" do Plano Safra 2021/22, com a aprovação de um crédito extraordinário de 868 milhões de reais na semana passada, o foco se voltou agora para as discussões do futuro programa, cujos valores começam a ser debatidos.
Na segunda-feira, o ministro manteve reuniões com representantes de mais de cem cooperativas, antes de falar com a Reuters, e ainda se encontraria com o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, para tratar do apoio do banco de fomento ao Plano Safra. Com informações da Reuters.