Publicado em 24/11/2021Com o aumento sazonal da produção, aumento contínuo da inflação e perda da capacidade de compra por parte dos consumidores, os preços dos produtos lácteos tiveram queda generalizada no Paraná, ao longo de novembro. Principais produtos do mix de comercialização, o muçarela e o leite UHT tiveram perdas significativas, voltando ao patamar de preço em que estavam em maio, puxando para baixo o valor de referência do leite – um indicador usado como parâmetro nas transações no atacado entre produtores e industriais.
O cenário foi apresentado em reunião do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Paraná (Conseleite-PR), realizado nesta terça-feira (23), de modo remoto. O colegiado aprovou valor de referência projetado de R$ 1,7404 para o leite entregue em novembro a ser pago em dezembro, o que representa uma queda de 6,7% em relação ao mês anterior. Outubro já havia fechado em queda.
“O cenário é negativo, fundamentado principalmente na sazonalidade da produção, que aumenta nessa época do ano, com o retorno das chuvas e recuperação das pastagens. Por outro lado, temos o mercado consumidor paralisado, frente à inflação. Com a oferta um pouco maior que a demanda, a sinalização é de baixa”, disse o professor José Roberto Canziani, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e um dos responsáveis pelo levantamento.
O muçarela – que respondeu por 53,8% do mix – vem sofrendo desvalorizações contínuas. Só na parcial de novembro – até o dia 17 –, a queda foi 5,2%, derrubando o preço do produto a um nível um pouco menor ao praticado em maio. Responsável por 17,9% das comercializações, o UHT obedeceu a uma dinâmica parecida. O derivado vem de três quedas consecutivas, a última delas, de 10,6%. No caso do queijo prato – terceiro produto mais representativo no mix –, a desvalorização na parcial de novembro foi de 6,9%.
Segundo o levantamento, dos 14 produtos pesquisados pelo Conseleite-PR, 13 apresentaram queda de preço em novembro. Entre os derivados que registraram desvalorização expressiva estão o creme de leite (7,9%), o leite em pó (6%) e a manteiga (5,3%). A exceção foi o leite pasteurizado, que se manteve em estabilidade (leve alta de 0,3%).
Combinada à conjuntura econômica, a queda deixa o setor apreensivo, principalmente em razão dos elevados custos de produção da atividade. “É um momento difícil para todos os elos da cadeia: para produtores, para indústria e para os consumidores. No nosso caso, o peso é maior, em razão dos custos de produção que continuam em alta, por causa do câmbio e de fatores externos”, resumiu o presidente do Conseleite-PR, Ronei Volpi, que representa o Sistema FAEP/SENAR-PR no colegiado. Com informações do Conseleite-PR.