Publicado em 24/09/2021A cadeia da carne bovina está em alerta. Após a confirmação de dois casos atípicos da doença da “vaca louca” em Minas Gerais e Mato Grosso, as projeções iniciais eram de que a China voltaria a comprar do Brasil em duas semanas, no máximo, mas a suspensão já chega a 20 dias. O Ministério da Agricultura diz ter enviado todas as informações sanitárias que são necessárias, mas Pequim segue sem reabrir seu mercado.
“Nem mesmo os importadores chineses sabem o que está acontecendo”, afirma o analista Fernando Iglesias, da Safras & Mercado. Procurada pelo Valor, a Embaixada da China no Brasil não se pronunciou. Fontes da indústria também dizem não ter notícias sobre quando os embarques ao país asiático - que normalmente absorve cerca de 60% das exportações brasileiras - voltarão a fluir.
Para Lygia Pimentel, diretora da Agrifatto, o forte crescimento das exportações à China ocorrido no fim de agosto e também nos primeiros dias de setembro deixa uma pulga atrás da orelha. “É como se alguém já soubesse o que estava acontecendo”, diz.
Segundo a consultoria, a possibilidade mais crível é que os chineses estejam aproveitando o episódio para renegociar contratos e diminuir os preços de suas encomendas. A favor do Brasil, Iglesias lembra que os chineses não têm muitas alternativas de originação, uma vez que as ofertas de Austrália e Argentina estão limitadas. “Os Estados Unidos também não vão parar de abastecer o mercado interno para priorizar a China”, comenta.
Iglesias considera setembro um mês perdido. Com a oferta de contêineres no mundo bastante limitada, levará um tempo até que os frigoríficos brasileiros se organizem e consigam normalizar a logística quando a liberação ocorrer.
Se a China voltar às compras até o fim desta sexta-feira, Iglesias acredita que o mercado deve arrumar a casa em outubro e pode entrar no último bimestre do ano pronto para buscar os patamares recordes de R$ 320 a R$ 330 por arroba em São Paulo. Com informações do Valor.