Publicado em 23/08/2019Acossado por reações negativas no mundo inteiro, o governo brasileiro começou uma ofensiva diplomática para mostrar ao mundo que defende a Amazônia e distribuiu uma circular de 12 páginas para todos os postos diplomáticas como subsídios para a defesa do governo.
Os 59 pontos da circular a que a Reuters teve acesso tentam responder cada um dos pontos sobre questões em que o Brasil tem sido criticado no exterior.
Ao tratar do desmatamento o documento enviado pelo Itamaraty a seus postos diz que a taxa foi reduzida em 72% entre 2004 --quando atingiu o maior pico desde a metade da década de 1990, com 27,7 mil quilômetros quadrados desmatados-- e 2018, onde 7,9 mil km2 de floresta foram derrubados.
No entanto, deixa de lado o fato de que desde 2012 a taxa voltou a subir, com a crise fiscal e a queda nas atividades de fiscalização por falta de recursos.
"É importante ter em mente que nas últimas décadas o Brasil desenvolveu capacidade de conciliar produção agropecuária com preservação. Mais de 60% do território brasileiro é coberto por vegetação nativa, com atividades agropecuárias limitadas a cerca de 30% do território" diz o texto enviado aos postos.
A limitação ao uso da terra e o fato de 60% do território nacional ser composto de reservas ambientais de diversos tipos e terras indígenas é uma das grandes críticas do presidente à política ambiental adotada por seus antecessores.
O texto ainda destaca justamente as terras indígenas, mais de 60 reservas que seriam "as maiores áreas de preservação de vegetação nativa do Brasil".
"O país tem atuado intensamente no controle e na restrição a atividades irregulares com envolvimento de grileiros, madereiros e garimpeiros, de modo a reduzir índices de desmatamento e invasão a terras indígenas", diz a circular.
A circular diz ainda que críticos tentam associar o Brasil à destruição do Meio Ambiente para obrigar o país a aceitar compromissos maiores em acordos internacionais.
"Há, da mesma forma, grande interesse de competidores internacionais do agronegócio brasileiro em divulgar imagem negativa da produção agrícola nacional", diz o texto que pretende subsidiar a defesa que os diplomatas farão do país.
Diplomatas ouvidos pela Reuters contam que nos últimos dias tem aumentado a pressão sobre o tema ambiental e, inclusive, mensagens duras tem sido enviadas às embaixadas.
Nesta quinta, começou a discutir uma campanha internacional para ser divulgada na Europa e nos EUA em defesa do agronegócio.
O próprio Itamaraty colocou em sua conta no Twiiter, na noite de quarta-feira, uma série de publicações em defesa das políticas públicas ambientais brasileiras.
"Quem vai salvar a Amazônia? O Brasil", diz o texto que desfila alguns dados positivos sobre produção de energia limpa, uso da terra e outro números que constam da mesma circular.
Várias embaixadas brasileiras no exterior, orientadas pelo ministério, replicaram o mesmo material.
Em sua conta no Twitter, o assessor especial da Presidência Filipe Martins, fez uma sequência de 10 textos em que, usando tom irônico em inglês, defendeu o governo.
"Então você realmente pensa que a Amazônia está em perigo e deveria rezar para salvá-la? Primeiro um conselho: a primeira coisa que você deveria fazer era parar de espalhar mentiras", escreveu no primeiro. Com informações da Reuters.