Publicado em 25/04/2007O mercado pecuário recebe, todos os anos, diversos novos investidores. Empresários bem sucedidos, novos integrantes de famílias já tradicionais em outros ramos do agronegócio e demais recém-chegados chegam e são festejados, como devem ser. A ampliação do mercado é sempre benéfica a todos, trazendo maior diversidade e investimentos. Porém todos os anos alguns criadores deixam o setor e, mesmo apresentando um trabalho de relevância, saem sem que sua competência seja reconhecida publicamente, não somente com os (importantes) lances de um leilão de liquidação, mas também através de uma reflexão sobre os resultados de seu trabalho, que se propagarão pelas próximas gerações. Um destes criadores liquidou sua genética premiada no último mês de março e não estará mais com seu time de pista na ExpoZebu: Antônio Villela Couto, da Fazenda Santa Nilza.
Couto, já um industrial de sucesso, começou sua seleção de Nelore Elite no ano de 2001 quando, em parceria com Luiz Humberto, da Nova Índia Genética, adquiriu em leilões suas primeiras matrizes: Iguana, Parse, Pistacha e Yamuna. Na época as instalações da Fazenda ainda estavam em reforma, com os primeiros animais permanecendo na central.
A partir daí surgiu uma carreira de sucesso marcada por diversos momentos importantes e por uma presença regular no topo do Ranking Nacional da ACNB (Associação dos Criadores de Nelore do Brasil). No campeonato expositor, Antônio Couto conquistou o vice-campeonato no certame 2002-2003, terceiro lugar em 2003-2004 e 2004-2005. Já no campeonato Melhor Criador, a Santa Nilza chegou ao quinto lugar já no ranking 2003-2004, conquistando o título nacional em 2004-2005 e a quarta colocação em 2005-2006. No ranking atual, mesmo após deixar as pistas, Couto figura no nono lugar parcial no campeonato melhor criador. Isto sem contar os diversos animais do plantel que estão e estiveram entre os primeiros do atual ranking e em edições anteriores, que nos alongaríamos muito a citar.
O plantel da Santa Nilza também contou com a contribuição genética de matrizes que fazem história no Nelore. JEN Açuncena, a própria Parse, já mencionada acima, Iryba, Bélgica, Iguana e diversas outras estão nos topos de ranking de suas respectivas categorias e suas genéticas ainda contribuirão muito para o futuro da raça. Há que se citar também alguns exemplos do sucesso dos animais da própria criação: entre os machos jovens no ranking do ano passado, três dos 25 primeiros colocados têm o sufixo da fazenda e entre as fêmeas adultas, duas são crias da Santa Nilza: Ciana TE da Santa Nilza, quinta colocada, e Duna TE da Santa Nilza, sexta.
Com todos estes resultados, entre diversos outros, conquistados ao longo de pouco menos de seis anos de seleção, a ausência do time de pista da Santa Nilza e de Couto, Cristina - sua esposa sempre atuante - e do onipresente Júnior, serão sentidas na próxima semana. Seus exemplos de competência, seriedade e dedicação ao Nelore permanecerão, servindo de exemplo para os recém-chegados.
Conhecemos Couto em 2001, chamados para discutir o possível desenvolvimento do site da Fazenda, que acabou se concretizando pouco tempo depois. A fazenda em obras, pastagens em formação, instalações ainda em construção, tudo conspirava contra a publicidade naquele momento, já que não havia muito a fotografar. Mas Couto decidiu pela divulgação assim mesmo: “É bom pois as pessoas verão que estou começando e acompanharão tudo comigo”, dizia. Indagado sobre a urgência em registrar o nome da fazenda na Internet, já que nomes de santos são comuns e bastante visados, Couto saiu-se com seu típico bom humor: “Fique tranqüilo, esta santa não existe. Nilza é o nome de minha mãe.”