Publicado em 15/07/2013Editorial do jornal O Estado de S. Paulo - 15/07/2013
Apesar da persistência de problemas na economia mundial, como os enfrentados pela zona do euro, e da preocupação crescente com a desaceleração da economia chinesa, entre outras dificuldades para a expansão do comércio internacional, o agronegócio brasileiro continua a registrar notável crescimento de suas exportações.
As vendas externas do agronegócio durante a safra 2012/2013 (entre julho do ano passado e junho deste ano) ultrapassaram US$ 100 bilhões pela primeira vez na história, com aumento de 4,2% sobre os resultados da safra anterior.
O desempenho do setor tem contribuído decisivamente para evitar que os resultados da balança comercial do País sejam piores do que têm sido. Com exportações de US$ 100,61 bilhões e importações de US$ 16,70 bilhões, a balança comercial do agronegócio registrou, no período considerado, superávit de US$ 83,91 bilhões.
Recorde-se que, nesse período (de julho de 2012 a junho de 2013), a balança comercial brasileira, incluindo todos os produtos, registrou superávit de US$ 9,35 bilhões.
Se tomados apenas os dados do primeiro semestre deste ano, a diferença entre o desempenho na área de comércio externo do agronegócio e o dos demais setores é ainda mais notável.
Com exportações de US$ 49,6 bilhões nos seis primeiros meses de 2013 (10,7% mais do que o total exportado na primeira metade de 2012), o agronegócio alcançou um superávit de US$ 41,3 bilhões. Como o déficit comercial global do País no período foi de US$ 3 bilhões, "os demais setores tiveram um déficit de US$ 44,3 bilhões", lembrou o ministro da Agricultura, Antônio Andrade.
Esses números não deixam dúvidas quando à dimensão do papel do agronegócio no comércio exterior brasileiro, e mostram também o grau de desenvolvimento alcançado por esse segmento da economia, que vem conquistando mercado e tornando o País líder mundial em diversos produtos. Isso se deve à contínua e intensa modernização do campo, associada a políticas comerciais eficazes.
Novas técnicas de cultivo ou de criação, uso mais intenso de insumos, mecanização, introdução de novas variedades, novas formas de gestão, avanço para novas fronteiras mais produtivas vêm propiciando contínuo e rápido crescimento da produtividade do campo.
Pesquisa de Armando Fornazier e José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho, publicada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, mostra que o índice de produtividade agrícola do Brasil foi multiplicado por 3,7 entre 1975 e 2010.
O avanço foi aproximadamente o dobro do observado nos Estados Unidos nesse período. A produtividade, nesse estudo, considera o aumento do produto não explicado pelo aumento da quantidade de insumos, mas por ganhos de eficiência, que dependem do desenvolvimento científico e tecnológico.
Trata-se de um processo de ganho continuado e que persiste, como mostram as mais recentes projeções para a safra de grãos 2012/2013. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção nacional de grãos alcançar 185,05 milhões de toneladas - um novo recorde. O volume é 0,4% maior do que o estimado no levantamento anterior da Conab, feito em junho.
Se confirmada essa projeção, a produção da safra 2012/2013 será 11,4% maior do que a da safra anterior, de 166,17 milhões de toneladas. Tal produção será alcançada com uma área plantada de 53,23 milhões de hectares, 4,6% maior do que a cultivada na safra anterior. A produção crescerá a velocidades mais altas do que a da expansão da área plantada, o que mostra a persistência dos ganhos de produtividade do campo.
O que pode ser apontado como dado negativo no mais recente levantamento da safra agrícola é a redução dos estoques de produtos indispensáveis na mesa dos brasileiros, entre o início e o fim da safra. O estoque de arroz em casca, por exemplo, diminuirá de 1,68 milhão de toneladas para 1,34 milhão; o de feijão, de 373,6 mil toneladas para 152,9 mil toneladas, o menor desde a safra 2008/2009.