Publicado em 27/06/2008Os preços da carne bovina continuarão em alta, reflexo do incremento da demanda externa e da melhora do consumo no mercado interno. Além disso, os custos da pecuária de corte estão elevados, o que impede a venda de bois para abate a preços mais baixos. O preço do sal mineral, por exemplo, subiu 100% no acumulado deste ano. O produto é usado como suplemento alimentar. As informações são do presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte, Antenor Nogueira, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). "A tendência é de preços firmes. Não podemos vender por valores inferiores ao custo de produção", argumentou.
Ele participou nesta quinta-feira, na sede da CNA, da primeira parte do seminário internacional Agri Benchmark Beef Conference. Nogueira lembrou que o preço da arroba dos animais rastreados supera R$ 100 em algumas regiões do país. Para animais que não tenham o sistema de rastreamento, os lotes estão sendo vendidos, em média, a R$ 94 por arroba. Nesse valor e com o dólar nos patamares registrados nas últimas semanas, em dólar, a arroba do boi brasileiro vale quase US$ 60. Historicamente, o preço médio da arroba nas praças paulistas variava entre US$ 20 e US$ 25.
A alta dos preços é resultado do abate excessivo de fêmeas, fenômeno que vem sendo verificado nos últimos três anos. "No passado, nós procuramos o governo e defendemos um programa para retenção de matrizes, mas nada foi feito", lembrou. A escassez de animais para abate tem levado alguns frigoríficos a avaliarem a possibilidade de conceder férias coletivas para os funcionários com objetivo de ajustar a oferta com a mão-de-obra instalada nas indústrias.
Nogueira lembrou que os preços da carne no mercado internacional também estão em alta. De acordo com ele, os cortes enviados para a Rússia tiveram valorização de 200% no acumulado dos cinco primeiros meses do ano em relação a igual período de 2007. Os preços dos cortes enviados para Irã e Egito dobraram no ano. Para o presidente do Fórum, a valorização dos preços no mercado internacional pode "acabar" com as barreiras ao produto brasileiro no mercado externo. "Quando dói no bolso ninguém segura", comentou. Com informações da Agência Estado.