Publicado em 22/07/2019Dois navios iranianos contratados por uma empresa brasileira que estão no porto de Paranaguá há 50 dias com uma carga de milho avaliada em R$ 100 milhões. O país é o principal destino das exportações brasileiras do grão e respondeu por 27% dos embarques do grão brasileiro no ano passado.
A Petrobras, que tem ações na bolsa de Nova York, está se recusando a abastecer as duas embarcações, que vieram do Irã com carga de ureia. A estatal argumenta que os navios estão em uma lista do Tesouro americano de empresas iranianas sancionadas em 2018, de acordo com informações da agência Reuters.
A empresa exportadora, com sede em Santa Catarina, chegou a obter uma liminar no Tribunal de Justiça do Paraná para obrigar a Petrobras a realizar o abastecimento, mas o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli suspendeu a decisão.
A exportadora, que também foi a responsável pela importação de ureia, argumenta que as restrições impostas pelo governo americano são aplicáveis a cidadãos e entidades americanos, e não à estatal brasileira. Na visão da companhia, ainda que essa norma fosse aplicada à Petrobras, o transporte de alimentos é considerado uma "exceção humanitária", assim como de medicamentos e equipamentos médicos.
Um dos navios está carregado com 48,4 mil toneladas de milho, no valor de R$ 45,5 milhões, enquanto outra embarcação aguarda um carregamento de 60 mil toneladas, no valor de R$ 60 mil, segundo o site "Portos e Navios" Em 2018, o Irã importou US$ 1 bilhão em milho brasileiro.
A recusa da Petrobras, que tem o monopólio de combustível para navios no Brasil, já está comprometendo a qualidade da carga de milho. O peso da carga no navio já carregado impede que ele realize manobras sem combustível na região do porto em que se encontra.
Segundo a própria empresa exportadora, a permanência das embarcações no local, à deriva, estão colocando em risco também os tripulantes, o meio ambiente e as demais embarcações que estiverem fundeadas em Paranaguá. Com informações do Valor.