Publicado em 24/06/2019Paraná deve se tornar o segundo estado do país a ser certificado como área livre de contaminação por febre aftosa sem vacinação.
No fim de maio, o governo estadual finalizou a que se pretende ser a última etapa de imunização e, em setembro, espera receber a certificação do Ministério da Agricultura.
Até 2021, quer o reconhecimento internacional, por meio da OIE (Organização Internacional de Saúde Animal).
O Paraná evita estimativas de aumento de produção e exportação, mas o objetivo da medida é ganhar mercados que, além de não aceitarem produtos sem a qualificação, pagam mais pela carne cujo gado não é vacinado.
A venda de aves, leite e principalmente de suínos também deve ser beneficiada.
"A aftosa é como um termômetro. Se há certificação sem vacinação, quer dizer que o estado tem uma boa questão sanitária, afetando as demais espécies", diz Rafael Gonçalves Dias, gerente de saúde animal da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná).
"Não temos a doença, mas estamos alijados de 65% do mercado de carne de suíno do mundo, pois, apesar de a vacinação atingir só bovinos, esses animais também ficam susceptíveis", afirma o secretário da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara.
Os países a serem conquistados são principalmente Japão, Coreia do Sul, México e China.
Para o controle da aftosa, o Brasil foi dividido em blocos, que o Paraná divide com Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Porém, após vistorias, obteve autorização do Ministério da Agricultura para antecipar a retirada da imunização.
As campanhas de vacinação serão substituídas por duas atualizações cadastrais por ano. Houve investimento em laboratórios de controle e na criação de 33 unidades de monitoramento de entrada e saída de animais –16 servirão como corredores sanitários.
Apesar do otimismo paranaense, o estado vizinho de Santa Catarina, o único do país que hoje possui a certificação de área livre de aftosa sem vacinação, está preocupado.
Entidades questionam se as normas seguidas pelo Paraná atendem à normativa da OIE.
"Para retirar a vacina, há muitas exigências, como aumentar a vigilância sanitária e fazer o registro de origem do animal. No programa do Paraná não há como comprovar se o animal nasceu na minha propriedade", afirma o secretário de Agricultura de Santa Catarina, Ricardo Miotto.
Os paranaenses, por sua vez, atribuem os questionamentos ao temor de o estado atingir novos mercados, fortalecendo a concorrência.
Outra preocupação é sobre produtores que compram bovinos em Mato Grosso para engorda em propriedades locais.
Com a suspensão da vacinação, o estado deve fechar as fronteiras para animais de regiões não certificadas.
Mas, segundo o governo, o percentual de atingidos é muito pequeno –cerca de 0,5% dos pecuaristas– e não deve atrapalhar os planos para a nova certificação. Com informações do Diário de Cuiabá.