Publicado em 12/11/2018A gravação de uma conversa entre o ex-ministro da Agricultura e deputado federal eleito Neri Geller (PP), e o executivo da JBS, Ricardo Saud, embasou o desdobramento da Operação Lava Jato, denominada Operação Capitu, deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (9) em Mato Grosso e outros 4 estados.
A operação cumpriu 63 mandados de prisões e buscas e apreensões em Mato Grosso, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraíba. Em Mato Grosso foram cumpridos um mandado de prisão temporária contra Geller, em Rondonópolis, e outros dois mandados em propriedades do ex-ministro em Lucas do Rio Verde.
Além de Geller, também foram presos Saud, Joesley Batista, um dos donos da JBS, e outras 6 pessoas. De acordo com a desembargadora federal Mônica Sifuentes, que determinou as prisões, um grampo realizado pela polícia em 2015 demonstrou que Saud tinha conhecimento do pagamento de R$ 5 milhões em propina para aprovar a proibição do uso da ivermectina. O dinheiro teria sido repartido entre políticos.
Isto porque, na conversa com Geller quando ele era ministro, Saud demonstrava preocupação "com um possível boato de que o ministro iria revogar 'o negócio que veio lá da Casa Civil, da Ivermectina (vermífugo de longa duração utilizado no setor agropecuário)".
No entanto, em documento apresentado à PF, a defesa de Saud informou que não tinha conhecimento do caso. Por essa razão, a desembargadora determinou as prisões, uma vez que estão "direcionando a atividade policial e investigatória para aquilo que lhes interessa revelar, ocultando fatos relevantes para o esclarecimento da atividade criminosa que se instalou no âmbito da administração federal".
Além disso, segundo o delegado da Polícia Federal (PF) Mário Velloso, Geller teria recebido valores mensais estimados em R$ 250 mil para dar continuidade aos favorecimentos ilegais no Ministério da Agricultura, assim que assumiu o lugar de Antônio Andrade, atual vice governador de Minas Gerais e também preso na operação. Com informações do jornal O Globo.