Publicado em 16/10/2018Em resposta à divulgação do relatório final da Polícia Federal (PF) sobre a Operação Trapaça, que levou ao indiciamento de 43 pessoas, a BRF informou ontem que afastou preventivamente todos os funcionários citados. O principal executivo é Simon Cheng, até ontem vice-presidente da área internacional. Ao todo, a companhia de alimentos afastou 14 funcionários, conforme apurou a reportagem.
No comunicado, divulgado na noite de ontem, a BRF não detalhou o número e tampouco o nome dos funcionários que foram afastados. A companhia disse ter "tolerância zero" com "conduta indevida".
"É interesse máximo da administração da BRF que os fatos relacionados às investigações das autoridades sejam esclarecidos em toda a sua profundidade e extensão".
Sem mencionar um possível acordo de leniência, a BRF também informou que está dialogando "de forma ampla e transparente com as autoridades encarregadas das investigações, com o objetivo de colaborar com o esclarecimento dos fatos". Internamente, a dona das marcas Sadia e Perdigão segue com as investigações lideradas pelo Comitê de Auditoria de seu conselho de administração.
Na avaliação da BRF, "o processo de cooperação constante com as autoridades fortalece e consolida as mudanças e aprimoramentos que a empresa implementou em seus processos e regramentos internos, com o objetivo de garantir os mais elevados padrões de segurança, integridade e qualidade".
Questionada pelo Valor especificamente sobre a carne de frango contaminada com dioxina comercializada no mercado brasileiro, a BRF não comentou.
Desde que Pedro Parente assumiu a presidência do conselho de administração da BRF, no fim de abril, a área de qualidade sofreu alterações. Em setembro, a companhia anunciou a contratação de Neil Peixoto, executivo oriundo da Mondelez, para a vice-presidência qualidade. Peixoto, que assumirá o cargo em novembro, substituiu Fabrício Delgado, que está entre os indiciados.
Em outra frente, a BRF também buscou reforçar sua área de compliance com a contratação de Reynaldo Goto, que estava na Siemens.
Sob Parente, a BRF tenta se recuperar do baque sofrido pela operações Carne Fraca e Trapaça, que contribuiram decisivamente para a crise financeira da empresa. O embargo da União Europeia, por exemplo, está relacionado a essas operações. Com informações do Valor.