Publicado em 09/08/2018Os investidores reagiram mal ao balanço do segundo trimestre da Minerva Foods, maior exportadora de carne bovina da América do Sul. Ontem, as ações da companhia recuaram 7,5% na B3, para R$ 7,21. A forte desvalorização ocorreu na esteira do prejuízo líquido de quase R$ 1 bilhão no segundo trimestre reportado pela Minerva terça-feira.
Embora o prejuízo não tenha efeito sobre o caixa da empresa por refletir apenas o impacto negativo da apreciação do dólar sobre o valor em reais das dívidas em moeda estrangeira, o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda em doze meses) atingiu um patamar muito alto para um frigorífico – indústria de capital intensivo -, afirmou um analista de um fundo de investimentos. No fim de junho, esse índice atingiu 5 vezes, ante 4,5 vezes no dia 31 de março.
Para atenuar os impactos da oscilação cambial sobre as dívidas em moeda estrangeira, a Minerva fez hedge de cerca de 50% de sua exposição de longo prazo em moeda estrangeira, afirmou ontem o diretor financeiro da companhia, Edison Ticle, em teleconferência com analistas. Para isso, a empresa montou uma posição de hedge de cerca de US$ 1 bilhão a partir da compra de contratos de NDF (Non Deliverable Forward). “Compramos hedge de US$ 1 bilhão, o que ajudou a proteger a nossa dívida”, disse o executivo. No fim de junho, 77% da dívida de R$ 11 bilhões da Minerva estava exposta ao dólar.
Entre os analistas, a avaliação sobre o resultado da Minerva e as perspectivas para a empresa não são necessariamente negativas. Em relatório assinado por Thiago Duarte e Vito Ferreira, o BTG Pactual reiterou a recomendação de compra das ações da companhia, com preço- alvo em 12 meses de R$ 14,00.
Na avaliação dos analistas do BTG, o desempenho operacional da Minerva foi positivo no segundo trimestre, com margem Ebitda sólida de 9,5%. Os analistas também receberam bem a proposta da Minerva de abrir o capital da Athena Foods, subsidiária que reunirá os negócios da empresa fora do Brasil, na bolsa do Chile. O objetivo do IPO é levantar recursos para reduzir a alavancagem e dar flexibilidade financeira para ampliações, como a reabertura dos quatro frigoríficos que estão fechados na Argentina.
Para a Minerva, a valorização do dólar não significa apenas uma dívida mais elevada. O fortalecimento da moeda americana tem reflexos positivos para as vendas da empresa. Em razão disso, a companhia revisou para cima sua meta de receita líquida em 2018.
A empresa passou a projetar que fechará o ano com receita total entre R$ 15 bilhões e R$ 16 bilhões. O novo guidance considera um dólar médio equivalente a R$ 3,70 e a 27 pesos argentinos. Antes da revisão, a meta da Minerva para 2018 era alcançar uma receita líquida de R$ 14 bilhões a R$ 15 bilhões. Essa meta considerava o dólar a R$ 3,40. Com informações do Valor.