Publicado em 14/05/2018Mais que pasto degradado, estradas intransitáveis, pontes de madeira em péssimas condições e a dificuldade em conseguir liberação de linhas crédito nos bancos, a tributação estadual e nacional e a concentração de frigoríficos em Mato Grosso são os problemas que mais “atrapalham” e “travam” a pecuária e quem indica isso são os próprios pecuaristas mato-grossenses. A reclamação dos produtores rurais é constante e visível, em especial quanto ao parque industrial, quando se passa pelas principais regiões produtoras de gado no estado.
A reclamação, realidade e a situação dos pecuaristas mato-grossenses puderam ser conferidas de perto durante o projeto "Acrimat em Ação", desenvolvido pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e que em 2018 percorreu 32 municípios e mobilizou 4.723 pessoas de todas as regiões produtoras do Estado entre os meses de fevereiro e maio em cinco rotas.
Hoje, 78% do parque industrial da carne bovina está nas mãos de cinco empresas, sendo a JBS detentora de 44%, o que impede a competitividade, principalmente em regiões como a do Araguaia,. No que tange a tributação Fethab, Funrural e preço de pauta (ICMS) são os tributos mais lembrados e que pesam no custo.
João Carlos Martins do Prado está entrando na atividade pecuária, atividade aprendida com o pai e o avó. Proprietário de uma empresa de reforma de pneus em Barra do Garças, ele credita sua “volta” ao campo a algo que gosta de fazer e vê a “tributação” e a “concentração de frigoríficos” como “nosso grande problema”.
“Lógico que tem várias coisas que podemos melhorar da porteira para dentro. Mas, da porteira para fora não temos condições de formar ainda uma cadeia mais produtiva para nós vendermos os nossos produtos. Nós produzimos o nosso boi, a nossa carne dentro da fazenda, mas fora nós temos que nos sujeitar ao grande frigorífico e é ele quem detém do preço”, diz João Carlos.
Até 2017, os municípios nas proximidades de Barra do Garças tinham apenas um frigorífico atuando, o JBS, entretanto a Marfrig reativou a sua unidade em Nova Xavantina. “Mas, se tivesse uma concorrência mais acirrada de outras plantas talvez o nosso preço estaria um pouco melhor”, salienta o pecuarista de Barra do Garças.
Produtor rural em Água Boa, Laércio Fernandes Fassoni, comenta que “Realmente as dificuldades para o pecuarista são muitas. Nós enfrentamos desde forte tributação, como o Fethab, o Funrural e uma pauta elevada para o gado (ICMS), a dificuldades climáticas, com alguns períodos de seca, dificuldade de melhoria de pastagem, e a dificuldade de comercialização por causa da forte concentração de frigoríficos”.Com informações do Mato Grosso Agro.