Publicado em 19/02/2018A JBS, maior empresa de carnes do mundo, vai fechar sua mesa de câmbio no Brasil, de acordo com uma fonte. Apesar de avaliar que suas operações no mercado futuro de dólar são legais, o entendimento é que a continuidade da mesa de câmbio vinha criando "embaraço" por causa da suspeita de uso de informação privilegiada antes da delação premiada dos irmãos Batista, controladores da JBS, vir a público.
A decisão da JBS visa a preservar o espírito de "colaboração" que a companhia vem adotando desde a delação, argumentou essa fonte. Procurada, a JBS não respondeu.
Na noite de sexta-feira, a empresa protocolou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ata de reunião realizada pelo conselho de administração em 7 de fevereiro. A ata informa, sem dar detalhes, que o colegiado aprovou, por unanimidade, "a nova política de hedge" da JBS.
"É definitivo. Vai fechar a mesa da JBS", ressaltou uma fonte. Mas a mesma fonte concorda que a decisão não faz sentido para uma companhia do porte da JBS. "A empresa vai perder agilidade", analisou.
Sem as operações próprias com câmbio, a empresa utilizará corretoras para realizar as operações de hedge comuns a seu negócio. Grandes exportadores como a JBS, que obtém receitas anuais da ordem de R$ 20 bilhões por ano com as exportações a partir do Brasil, costumam contar com uma mesa própria mesmo que também se valham de corretoras. A Minerva Foods, por exemplo, tem duas pessoas em sua mesa de câmbio.
Por outro lado, especialistas observam que atualmente a JBS já é muito menos ativa do que em períodos anteriores, quando chegou inclusive a ser questionada pela CVM sobre as operações com derivativos. A JBS, que teve perdas de US$ 3,9 bilhões com derivativos em 2016, sempre alegou que fazia hedge patrimonial e das exportações. Com informações do Valor.