Publicado em 14/09/2017Pecuaristas reclamam que estão sendo prejudicados com a interdição de frigoríficos do Tocantins, após a Operação Vegas, realizada pela Polícia Federal. No final do mês passado cinco empresas, quatro de Araguaína, tiveram as atividades suspensas. A operação investiga um esquema para beneficiar frigoríficos e laticínios que envolvia empresários e funcionários do Ministério da Agricultura, o que pegou muitos pecuaristas de surpresa.
"Quem trabalha com animal confinado, animal suplementado, tem todo um planejamento alimentar e de momento de abate. Se parar de abater 10 dias na região, você vai ficar 10 dias a mais alimentando e as vezes já com ganho de peso baixo, mas estão simplesmente acumulando gordura. Tem um impacto econômico bastante relevante", diz o pecuarista, José Neuman Miranda.
O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento ainda aguarda o relatório da auditoria realizada em um dos frigoríficos interditados na operação Vegas da Polícia Federal. Por causa disso, a empresa Minerva continua interditada.
Segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, apenas o transporte de produtos que não são destinados ao consumo humano está permitido para o frigorífico Minerva, que fica a 15 km de Araguaína. As atividades de abate e certificação para exportação continuam bloqueadas.
De acordo com o Ministério, as empresas liberadas após decisão judicial estão operando em um regime especial de fiscalização. Para que seja garantida a saúde e segurança do consumidor.
A Prefeitura de Araguaína tem um convênio com o Ministério para que profissionais do município auxiliem nas fiscalizações. Com o afastamento de alguns fiscais suspeitos de envolvimento no esquema, foi feita uma proposta para a ampliação desta parceria.
"Como os frigoríficos têm um sistema de inspeção federal, nós não podemos entrar se não formos convidados pelo Ministério da Agricultura. Por isso foi efetivado um convênio e nós cumprimos à risca as necessidades do Ministério. Simplesmente os nossos profissionais atestam e certificam as fiscalizações", explica o secretário de Desenvolvimento Econômico, Junior Marzola.
O auditor do Ministério da Agricultura, Dagoberto Machado Prata, suspeito de receber propina de três empresas para liberar produtos contaminados continua preso na Casa de Prisão Provisória de Araguaína.
O advogado de Dagoberto Machado Prata, Célio Moura, informou que tomou conhecimento da operação e vai entrar com pedido de revogação da prisão, e provar a inocência do cliente.
Em nota, a empresa Minerva disse que "não há indiciamento ou denúncia contra a companhia ou seus executivos e membros do Conselho de Administração. A unidade da empresa em Araguaína mantém as suas atividades regulares."
O Ministério da Agricultura interditou frigoríficos e laticínios do Tocantins envolvidos em uma investigação da Polícia Federal que apura corrupção envolvendo fiscais.
A interdição, com o objetivo de evitar riscos à saúde dos consumidores, inclui suspensão das exportações de unidades da Minerva, LKJ, Boi Brasil e Gelnex Indústria e Comércio. Além disso, servidores suspeitos de irregularidades foram afastados e passarão por processo administrativo disciplinar.
Ao todo, são 51 mandados judiciais foram cumpridos durante a operação Vegas no Tocantins, nos municípios de Araguaína, Gurupi, Palmas e Paraíso do Tocantins, além dos estados do Maranhão e Minas Gerais.
O fiscal do Ministério da Agricultura no Tocantins, Dagoberto Machado Prata, é apontado pela Polícia Federal como responsável por liberar alimentos contaminados e carne bovina com tuberculose em troca de propina. A informação está na decisão do juiz federal João Paulo Abe que autorizou a Operação Vegas.
Os agentes estiveram em dois frigoríficos, Boi Forte (LKJ) e Minerva, em uma fábrica de gelatina, Gelnex e em outras nove empresas no estado. Eles procuravam documentos relacionados a operação.
Dagoberto Machado Prata teve a prisão preventiva decretada. Além do recebimento de propina, ele também é suspeito de destruir provas após a primeira fase da Operação Lucas, que investiga as mesmas irregularidades.
De acordo com a investigação, Dagoberto teria recebido propina mensal no valor de R$ 50 mil e ainda R$ 5 mil de auxílio combustível do frigorífico Boi Forte (LKJ) para liberar carcaças de animais contaminados. O fiscal foi afastado das funções e teve a prisão preventiva decretada. Com informações do G1.