Publicado em 06/09/2017Após enfrentar anos de crise financeira, o frigorífico Mataboi Alimentos acaba de se tornar o quarto maior exportador de carne do Brasil. O anúncio foi feito nesta terça-feira (5) em coletiva imprensa na sede, em Araguari, pelo diretor presidente da companhia que pertence ao grupo JBJ, José Augusto de Carvalho Junior.
Em 2011, o frigorífico entrou em crise financeira e as atividades foram suspensas em quatro unidades. Em Araguari, 250 funcionários foram demitidos. No final daquele ano, a dívida do Mataboi com os pecuaristas de Mato Grosso, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Goiás e foi calculada em R$ 120 milhões, sendo R$ 20 milhões só com os produtores de gado mato-grossenses. Com os bancos, o débito era estimado em R$ 80 milhões e com os demais credores R$ 50 milhões. O processo de recuperação judicial foi então iniciado, com negociação das dívidas.
Apesar dos lucros, empresa enfrenta novo processo
Em abril de 2014, segundo apurou o MGTV, a empresa pediu o encerramento do processo e o frigorífico foi comprado pelo grupo JBJ, mas a negociação só foi declarada ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 2016. Desde então, o Mataboi enfrenta um novo processo administrativo.
No tribunal da Superintendência Geral do Cade, o acordo é visto como negociação fechada, por ter sido firmado antes de se notificar o órgão regulador, e gerou uma multa de R$ 664 mil.
Além disso, a compra pela JBJ corre o risco de ser cancelada porque o grupo é controlado por José Batista Júnior, irmão de Wesley e Joesley Batista, donos de outro frigorífico, a JBS, e o conselho entende que essa operação resultaria na chamada integração vertical de duas empresas atuantes no mesmo setor, mas em diferentes etapas produtivas, Mataboi e Friboi, o que é visto como risco de monopólio no segmento.
Apesar dos problemas, a direção do frigorífico prefere se concentrar nos resultados financeiros. Na coletiva desta terça-feira, a empresa informou que estima faturar R$ 2 bilhões neste ano. Conforme o Mataboi, no primeiro semestre de 2017, as exportações, responsáveis por 70% das vendas, avançaram 57% na comparação com o mesmo período de 2016. A receita líquida total da empresa nesse período cresceu 25%, passando de R$ 728 milhões para R$ 908 milhões.
Ainda de acordo com a direção, a empresa já recebeu R$ 260 milhões em investimentos e, atualmente, se mantém sozinha, mesmo com o prejuízo estimado em R$ 70 milhões decorrente do incêndio que atingiu a área fria da sede mineira no ano passado. Com informações do G1.