Cotações Mapas Notícias em seu e-mail
Precisa vender? Mais de 6.000 visitantes diariamente esperam pelo seu produto aqui no Pecuaria.com.br. Clique aqui e veja como e facil anunciar!
Arroba do Boi - R$ (À vista)
SP MS MG
230,00 218,00 213,00
GO MT RJ
213,00 212,00 213,00
Reposição - SP - R$
Bezerro 12m 1790,00
Garrote 18m 2160,00
Boi Magro 30m 2570,00
Bezerra 12m 1400,00
Novilha 18m 1700,00
Vaca Boiadeira 2020,00

Atualizado em: 23/4/2024 09:36

Cotações da Arroba: SP-Noroeste, MS-Três Lagoas, MG - Triângulo, GO - Região Sul, MT - Rondonópolis, RJ-Campos
Clique aqui e veja cotações anteriores

 

 

 

 


 
Receba, diariamente, em seu
e-mail nosso boletim com os assuntos que mais interessam
ao profissional do setor.

Clique aqui e inscreva-se gratuitamente.


Adriano Garcia
MTb 10252-MG

 

Onda de suicídios entre pecuaristas franceses

 
 
 
Publicado em 06/09/2017

 

O criador de gado leiteiro, Jean-Pierre Le Guelvout chegou a ter 66 vacas em uma propriedade próspera no sul da Bretanha, mas a queda nos preços do leite e as dívidas acumuladas, aliadas à depressão e à preocupação com a saúde e a meia-idade começaram a pesar demais, chegando a um ponto insuportável.

Com apenas 46 anos, ele deu um tiro no próprio peito, no bosque atrás de sua casa, em um dia frio de dezembro do ano passado. “Era um lugar que ele amava, perto dos campos que eram sua vida”, conta a irmã, Marie, que se disse “muito próxima” a Jean-Pierre, mas que nem tinha ideia de que ele pensava em suicídio.

Essa tragédia engrossa o que já pode ser considerado uma epidemia de suicídios entre os produtores rurais franceses que as famílias, estoicas, o governo, as autoridades de saúde pública e os pesquisadores estão tentando assimilar.

Todos dizem que o grupo corre mais riscos por causa da natureza do trabalho que faz, que pode causar o isolamento, ser financeiramente precário e fisicamente exigente.

Para aqueles que não têm filhos para ajudar e eventualmente assumir as funções, o fardo é ainda mais pesado. A queda dos preços do leite e da carne, associada às dívidas e ao estresse, só agravou a situação nos últimos anos.

Tanto os pesquisadores como as organizações agrícolas admitem que o problema existe há anos, mas embora tenham reforçado as iniciativas para ajudar os produtores, é difícil avaliar e enumerar a efetividade dessas medidas e a consequência dos suicídios.

As estatísticas mais recentes, divulgadas pelo instituto de saúde pública francês em 2016, mostram que 985 profissionais do ramo se mataram entre 2007 e 2011, taxa 22% mais alta que a da população em geral.

E os estudiosos admitem que mesmo esse número, que vem aumentando com o tempo, pode estar subestimado. Eles temem que o problema persista, embora ainda não tenham analisado os dados mais recentes.

“O médico que faz a certidão de óbito pode simplesmente omitir a verdadeira causa”, admite Véronique Maeght-Lenormand, terapeuta ocupacional responsável pelo plano de prevenção de suicídio da associação de produtores Mutualité Sociale Agricole.

O motivo? “Algumas seguradoras não pagam nada para a família caso a pessoa tire a própria vida. Sem contar o peso da cultura judaico-cristã”, completa ela.

O caso de Jean-Pierre Le Guelvout veio à tona porque ele havia ficado relativamente famoso com a participação em um programa popular de TV, “L’Amour Est Dans le Pré” (“O Amor Está nos Campos”), um tipo de versão francesa de “The Bachelor” para ajudar as pessoas das zonas rurais a encontrarem companhia.

“Ele era muito ingênuo. Queria uma mulher que trabalhasse com ele na fazenda e sonhava em ser pai”, revela Marie Le Guelvout.

Sob vários aspectos, Le Guelvout representa o perfil do produtor agrícola que tem maiores chances de se matar, segundo as estatísticas de saúde pública, ou seja, homens de 45 a 54 anos que trabalham com pecuária.

“É nessa época que começam a ter pequenos problemas de saúde, a pensar para quem vão deixar a fazenda. E aí questionam todo o esforço que fizeram se não há ninguém para herdá-la”, explica Maeght-Lenormand.

Só que essa não é a única razão que leva à medida extrema.

“Tem a pressão financeira, os empréstimos”, enumera Nicolas Deffontaines, pesquisador do Cesaer, um centro de estudos da economia e da sociologia das áreas rurais.

“As dívidas podem levar o produtor a fazer investimentos ainda maiores, tanto pessoais como financeiros. Eles caem de cabeça no trabalho e fazem mais empréstimos para pagar os antigos. Isso só aumenta a sensação de isolamento e o buraco em que já estão metidos.”

E de uns anos para cá, essas pressões financeiras só se tornaram mais onerosas: em 2015, por exemplo, a União Europeia acabou com as cotas para os produtores de leite, criadas para evitar a superprodução.

Desde então, certos produtos sofrem com o excesso de oferta: os preços do leite caíram abaixo do mínimo que as associações dizem ser necessário para administrar e manter uma propriedade, quanto mais ter lucro.

Essa decisão veio depois da imposição por parte do bloco de sanções à Rússia, reação gerada pela ocupação de parte da Ucrânia por aquele país, eliminando um mercado de exportação que já foi bem robusto para os europeus em 2014.

E como vários laticínios fecharam as portas, o número de vacas abatidas passou a ser maior, fazendo com que o preço da carne também despencasse, mesmo com os franceses tendo reduzido o consumo em 27 por cento entre 1998 e 2013, segundo algumas estatísticas.

Sete anos atrás, o governo francês começou a lidar com o índice crescente de suicídios entre produtores, e o ministro da Agricultura da época, Bruno Le Maire, levantou a bandeira em nível nacional.

Desde então, várias medidas foram tomadas em conjunto com a organização agrícola Mutualité Sociale Agricole.

Em 2014, uma linha especial chamada Agri’écoute (Escuta aos Produtores) foi criada como canal de desabafo para esses profissionais, além de grupos multidisciplinares para ajudá-los a resolver questões financeiras, médicas, legais e familiares. Em 2016, essas unidades acompanharam 1.352 casos em toda a França.

Grande parte dessa atenção foi para os solteiros ou viúvos – mas Maeght-Lenormand, da associação, confessa que conquistar a confiança deles não é fácil.

“Eles pagam contribuições sociais para nós, ou seja, vão nos encarar primeiro como arrecadadores”, explica.

Por isso, outras instituições como a Solidarité Paysans (Solidariedade aos Camponeses) também se envolveram na iniciativa.

Em 2015, Véronique Louazel, que trabalha na agência nacional de associação solidária, reuniu-se com 27 produtores em dificuldades para um estudo sobre a crise que a ocupação enfrenta.

E descobriu que eles geralmente relutam em falar sobre suas dificuldades, da mesma forma que não conseguem se imaginar fazendo outra coisa. “Eles têm uma cultura muito forte de trabalho pesado e esforço; sem contar que não posuem o hábito de se queixar”, esclarece ela.

Entretanto, as coisas estão começando a mudar, já que muitos estão se abrindo.

Cyril Belliard, 52 anos, é um deles. Não faz muito tempo contou sua história para um pequeno grupo de apoio que se reunira em sua casa minúscula, em Vendée, região agrícola no oeste da França.

Revelou que trabalhava no campo desde 1996, mas, de uns tempos para cá, começou a ver os cabritos morrendo, um após o outro, de uma doença misteriosa que nem ele, nem o veterinário conseguiam identificar. As dívidas passaram a se acumular, e os processos judiciais começaram.

“Fui morar em um trailer para evitar pagar aluguel. Eram 35 metros quadrados para a família inteira viver, comer e dormir”, descreve.

Pai de três filhos, para alimentar a família, Belliard dependia de doações e do apoio da Solidarité Paysans, até que, em março, decidiu vender o negócio para um produtor mais jovem.

“Segurei a bucha graças ao esporte, que pratico desde os 18 anos, e aos meus filhos, que sempre foram minha prioridade absoluta”, conclui.

Agora já pensa em mudar de profissão, embora abandonar uma vida inteira passada no campo não seja fácil e nem sempre uma opção.

Desde o suicídio de Jean-Pierre Le Guelvout, seu irmão André, 52 anos, assumiu a propriedade na Bretanha, e Marie teme que ele não consiga dar conta do volume de trabalho, que antes era compartilhado. Recentemente, a família decidiu parar com a produção de leite e vender parte do rebanho.

“André trabalhou a vida toda no campo. Agora só quero que consiga viver em paz na fazenda até poder se aposentar”, diz ela.  Com informações da Gazeta do Povo.


 


   Leia também:
 
[23/04/2024] - Exportações de carne já superaram abril de 2023
[23/04/2024] - Semana começa devagar no mercado do boi
[23/04/2024] - Marco Temporal está em vigor, diz STF
[23/04/2024] - Líder de Lula pede demissão por ser contra invasão
[23/04/2024] - O agro brasileiro exige respeito

Regras para a publicação de comentários


   Notícias Anteriores
 
[22/04/2024] - MST promete dobrar as invasões até o fim de abril
[22/04/2024] - Projetos anti-invasão avançam no Congresso
[22/04/2024] - Tem boi represado nos pastos brasileiros?
[22/04/2024] - Preço da reposição subiu com força em SP
[22/04/2024] - Compradores de milho estão fora do mercado
[22/04/2024] - Governo de SC lança programa de apoio ao leite
[19/04/2024] - Semana de preços firmes para o boi gordo
[19/04/2024] - Está faltando boi em São Paulo
[19/04/2024] - Leite: custo de produção volta a cair em março
[19/04/2024] - Como renegociar seu crédito rural?
[19/04/2024] - MST monta novo acampamento no RS
[18/04/2024] - Tensão cresce entre Agro e Governo Lula
[18/04/2024] - Invasões do MST chegam a 11 estados do Brasil
[18/04/2024] - MST invade sede do Incra em Mato Grosso do Sul
[18/04/2024] - É hora de comprar boi magro?
[18/04/2024] - Boi China a preço de boi comum?
[18/04/2024] - Unidade da JBS é fechada em Goiás
[18/04/2024] - Entidades querem união contra leite importado
[18/04/2024] - Agro salva a balança comercial de São Paulo
[17/04/2024] - Câmara aprova urgência para punição de invasores
[17/04/2024] - Em evento com Lula, ministro celebra ações do MST
[17/04/2024] - Pecuaristas travam vendas e boi sobe
[17/04/2024] - Economia brasileira perdeu força em fevereiro
[16/04/2024] - Exportações crescem mais de 70% em abril
[16/04/2024] - Preços da carne exportada continuam preocupando
[16/04/2024] - Como está o preço do boi em SP e Goiás?
[16/04/2024] - MST invade área da Embrapa pela terceira vez
[16/04/2024] - Governo lança programa para atender ao MST
[16/04/2024] - Coca-Cola sai do mercado de lácteos no Brasil
[15/04/2024] - Unidade da JBS vai dobrar abates em um ano
[15/04/2024] - Lupion recusa convite para evento ao lado de Lula
[15/04/2024] - PGR pede a derrubada do marco temporal
[15/04/2024] - MST ignora Lula e invade terras em seis estados
[15/04/2024] - Como foi a semana passada no mercado do boi?
[15/04/2024] - Preço de milho despencou
[12/04/2024] - Em evento na JBS, Lula elogia os irmãos Batista
[12/04/2024] - Exportações de MS para a China podem disparar
[12/04/2024] - Brasil tenta mudar protocolo sanitário com a China
[12/04/2024] - China reduziu compras do agronegócio brasileiro
[12/04/2024] - Pecuaristas precisam ficar em alerta
[11/04/2024] - Decisão do STJ pode travar exportações de carne
[11/04/2024] - CADE atrasa compra de frigoríficos pela Minerva
[11/04/2024] - Pecuaristas de São Paulo estão desanimados
[11/04/2024] - Frigoríficos estão comprando pouco gado
[11/04/2024] - MST invade centro de pesquisa do MAPA na Bahia
[11/04/2024] - Deputados acusam Fávaro de interferência na FPA
[10/04/2024] - Crise no Agro ameaça a economia brasileira
[10/04/2024] - Lula vai visitar unidade da JBS
[10/04/2024] - Brasil continua perigosamente dependente da China
[10/04/2024] - Boi pode subir nos próximos dias

     Clique aqui para ver o índice geral de noticias


 

 

 

Adicione seu site Comprar e vender Atendimento ao anunciante Mais buscados

Venda para a pecuária brasileira através da Internet!
Clique aqui e veja como anunciar no Pecuária.com.br