Publicado em 20/06/2017Para evitar o risco de não receber da JBS, pecuaristas estão negociando gado diretamente com o varejo em Uberaba, Minas Gerais. Açougues e supermercados da região, que pagam à vista, estão comprando mais gado e mandando para frigoríficos que trabalham por demanda.
— Acho que os pequenos frigoríficos podem ocupar um espaço que se abriu. Os pecuaristas, que costumavam vender a prazo, ficaram receosos. Esse modelo de venda direta para o varejo, que manda abater, é antigo e está ganhando força de novo. É bom para a economia. Açougues e supermercados geram muitos empregos — conta Matusalem Alves, da rede de supermercados Zebu Carnes. Ele adota o modelo da compra direta há 20 anos e abate duas mil cabeças de gado por mês para as seis lojas da marca.
O movimento no frigorífico Boi Bravo, que abate para terceiros, cresceu 30%, diz Romeu Costa Telles, diretor da empresa.
— Aumentou o volume de abates aqui porque os supermercados e açougues estão comprando mais gado. Isso foi possível porque aqui na região existe o frigorífico que presta serviço para terceiros. Mas em outras partes do país não tem isso — diz ele.
Telles conta que, com a concentração incentivada pelo governo nos últimos anos, os grandes grupos compravam frigoríficos pelo interior e, em alguns casos, até suspendiam a operação. Diminuir a concentração pode acabar sendo bom para o mercado.
Apesar disso, Matusalem diz que o momento ainda é de incertezas para o produtor. Além da desconfiança com a capacidade de pagamento da JBS, o preço do gado caiu quase 15% na região. A arroba de novilho recuou de R$ 140 para R$ 120. Com informações do jornal O Globo.