Publicado em 29/05/2017Além da tradicional lentidão dos negócios na segunda-feira, a semana inicia com compradores e vendedores retraídos, seguindo comportamento dos últimos dias. Mas, a JBS que esteve até a última semana com postura de pressionar os preços, já se vê obrigada a pagar mais para completar suas escalas.
Segundo analistas, não há razão, neste momento, para que as indústrias intensifiquem suas compras. A preocupação dos produtores em entregar para a JBS favoreceu o alongamento das escalas dos concorrentes que, na maioria dos casos, já tem programação completa até 5 a 7 de junho.
Acompanhe as cotações da arroba do boi gordo e da reposição em: www.pecuaria.com.br/cotacoes.php
Ao contrário dos demais, a JBS só fez suas escalas encurtarem nos últimos dias. A postura de só comprar no prazo deixou os produtores temerosos com a possibilidade de calote. Pecuaristas que já tinham animais programados entraram com pedido para retirar da escala.
De acordo com o analista, José Vicente Ferraz, da Informa Economics FNP, no levantamento mais recente - realizado na semana passada -, as escalas de abate da JBS atendiam em média até 30 de maio. Somado a isso, os estoques das câmaras frias garantiriam abastecimento até 3 de junho.
Em algumas regiões estratégicas, já há relatos da empresa ofertando acima da referência para adquirir animais. "O cenário não é generalizado, mas isso já ocorre em algumas regiões pela necessidade de recompor estoque", diz o consultor, Gustavo Aguiar, da Scot Consultoria.
Em São Paulo, alguns player chegaram a relatar oferta da JBS de até R$ 1/@ acima da semana passada, saindo dos R$ 138/@ para R$ 139/@ [sem desconto do Funrural]. Na média dos outros frigoríficos, as ofertas giram em torno de R$ 135/@ à vista, que livre de imposto significa R$ 132/@.
"Mas, pela conjuntura de escalas médias e as informações de que a JBS continua com a postura de compra com 30 dias, a expectativa é de que a semana ainda seja de continuidade na pressão de baixa", acrescenta Aguiar.
Na ponta da cadeia, os produtores apostam nas boas condições da pastagem como estratégia de impulsionar os preços. De acordo com produtores, ainda é possível manter os animais no pasto por pelo menos 30 dias.
Até lá, os pecuaristas esperam que o cenário de preços fique mais atrativo, especialmente, com a JBS sendo obrigada a pagar à vista para fechar negócio.
Desde a divulgação da delação dos irmãos Batista, os preços do boi gordo cederam 3,3% em oito dias, considerando a referência em Araçatuba (SP).
Preocupação financeira
Na verdade a JBS - que até aqui, controlou a pecuária nacional - está tentando a qualquer custo manter suas margens positivas para garantir o pagamento da multa estipulada no acordo de leniência.
Neste final de semana, a força-tarefa da Operação Greenfield, apresentou ao grupo J&F - controlador do JBS -, novo valor para a multa referente ao acordo de leniência, de 10,994 bilhões de reais, ligeiramente abaixo dos 11,2 bilhões de reais propostos até então.
Esse valor, segundo o Ministério Público Federal (MPF), representa 6% do faturamento das empresas do grupo no ano passado e deve ser pago em prestações semestrais ao longo de 13 anos, com início em dezembro de 2017.
O Grupo vem sendo investigado em cinco frentes: Lava Jato, operações Bullish, Greenfield, Carne Fraca e Cui bono, que apuram supostos crimes de pagamento de propina, desvio de recursos e fraudes na liberação de recursos públicos, entre outros delitos.Com informações do Notícias Agrícolas.