Publicado em 22/05/2017No domingo, a jornalista Andreia Sadi afirmou por meio do seu blog no G1 que o presidente Michel Temer avalia como retaliar a JBS economicamente. Segundo a jornalista, a avaliação de interlocutores de Temer é que, se o governo conseguir bloquear ações, vão segurar a JBS "no bolso". Isso porque o "prejuízo será gigante", nas palavras de aliados de Temer. Desta forma, a ideia do governo é partir para o confronto econômico com a JBS, além do embate jurídico.
Além disso, a empresa entrou na mira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), xerife do mercado financeiro, desde que vieram à tona na quarta-feira as denúncias de Joesley Batista, um dos sócios do grupo, incriminando o presidente Michel Temer. O frigorífico é investigado pela autarquia por suposta manipulação do mercado em cinco processos administrativos. A CVM quer saber, sobretudo, se a JBS se beneficiou de informações privilegiadas para comprar dólar no mercado futuro - informação antecipada pela colunista Sonia Racy - e também na emissão de ações pelo acionista controlador do grupo - a FB Participações -, antes da denúncia virar notícia e abalar o mercado. O indício de irregularidade foi comunicado ao Ministério Público Federal (MPF).
A autarquia também está de olho em movimentações no mercado derivativo feitas pelo banco Original, controlado pelo grupo, e pediu "esclarecimentos adicionais relativos às notícias e especulações envolvendo delação de acionistas controladores da JBS".
No caso da JBS, a CVM atua para analisar e, se for o caso, punir eventuais irregularidades, mas também teve o nome incluído na delação de Batista. Ao MPF, o empresário disse ter negociado uma indicação para a diretoria da autarquia e de outros órgãos de governo com capacidade de interferir nos negócios da JBS.
Assim que a delação foi divulgada, a CVM publicou comunicado informando que "está acompanhando as recentes notícias veiculadas pela imprensa e monitorando o funcionamento ordenado dos mercados de valores mobiliários". Mas não se posicionou sobre uma possível interferência política em suas atividades reguladoras. As quatro diretorias e presidência da CVM estão ocupadas atualmente, mas o presidente da autarquia, Leonardo Pereira, deixará o cargo em julho.
Além disso, o grupo J&F, controlador da JBS, ainda não fechou acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF), que inicialmente previa a proposta de pagamento de multa de 11,2 bilhões de reais, mas as negociações continuarão durante a semana, informou uma fonte próxima da companhia à Reuters. Segundo essa fonte, o que está em discussão é justamente o montante a ser pago de multa. Ainda não houve um consenso nessa questão e as conversas seguirão na próxima semana.
Segundo o Ministério Público Federal, o acordo de leniência com o grupo empresarial não foi fechado devido a divergências sobre o valor da multa a ser paga pelo conglomerado. Enquanto os procuradores defendem a multa de 11,2 bilhões de reais em 10 anos, a holding que controla a JBS propôs pagar 1 bilhão de reais, de acordo com o comunicado.
A relação do Ministério Público com a holding da J&F nunca foi de todo harmoniosa. No início de fevereiro, o MPF pediu o afastamento de Joesley Batista do comando do grupo e o bloqueio de bens e ativos do conglomerado no valor de 3,8 bilhões de reais. No final de março, a Justiça Federal de Brasília aceitou o pedido. Além da JBS, os investimentos da J&F incluem a fabricante de celulose Eldorado Brasil, a fabricante de calçados Alpargatas, a empresa de laticínios Vigor e o banco Original.
O grupo está na mira de ao menos cinco frentes de investigação: além da Lava Jato, as operações Bullish, Greenfield, Carne Fraca e Cui Bono apuram supostos crimes de pagamento de propina, desvio de recursos e fraudes na liberação de recursos públicos, entre outros delitos. Com informações do Infomoney.