Publicado em 27/07/2016Segundo a coluna de Eliane Cantanhêde, no Estadão, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) reúne sua diretoria hoje, em Brasília, para debater uma questão bastante delicada: o que fazer se a presidente afastada da entidade, Kátia Abreu, decidir voltar ao cargo, depois que a Comissão de Ética Pública da Presidência da República, consultada por ela, a dispensou de cumprir um período de “quarentena” nesse caso.
A diretoria e as federações são contra a volta de Kátia Abreu, mas isso pode virar um problemaço de cunho jurídico, curiosamente repetindo a mesma divisão que ocorre com a Presidência da República, que também tem uma presidente afastada, Dilma Rousseff, e um presidente em exercício, Michel Temer.
Kátia pediu licença da presidência da CNA em janeiro de 2015 para assumir o Ministério da Agricultura no segundo mandato de Dilma, agora afastada. Senadora eleita pelo PMDB de Tocantins, ela foi substituída desde então na CNA por João Martins, que exerce a função com plenos direitos. Kátia é também presidente licenciada da Federação de Agricultura de Tocantins, seu estado.
O problema é delicado, até porque Kátia Abreu havia se firmado como uma grande, talvez a maior, liderança de um setor que consegue ir bem, apesar de todas as crises que se abatem dramaticamente sobre a indústria, por exemplo. Ela, porém, jogou para o alto esse patrimônio político junto à própria categoria, ao decidir ficar até o fim com Dilma, enquanto a CNA e as entidades ligadas ao agronegócio aderiram abertamente à tese do impeachment.
Além disso, Kátia Abreu abriu um outro flanco político, porque ela é filiada ao PMDB e historicamente adversária ao PT, mas ficou contra o peemedebista Michel Temer e a favor da petista Dilma, de quem se tornou interlocutora e amiga. Foi, inclusive, testemunha a favor de Dilma na Comissão do impeachment no Senado. Com informações do portal Estadão.