Publicado em 23/06/2016A pecuária gaúcha precisa investir em confinamento e melhorar a terminação dos bois destinados ao abate, avalia o vice-presidente da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira. Segundo ele, o Estado tem como característica terminar a engorda do gado no pasto e conta ainda hoje com poucos sistemas de confinamento. Isso faz com que no inverno, com condições de pastagem desfavoráveis, a oferta de animais para abate caiam bastante no mercado local. "Hoje está faltando gado no mercado. Os pastos estão severamente queimados por causa do frio e também falta chuva", contou ele em entrevista ao Broadcast Agro (serviço de notícias em tempo real da Agência Estado) sobre a 77ª Etapa do Fórum Permanente do Agronegócio, que começa hoje em Uruguaiana, município na fronteira com a Argentina. O foco do encontro neste ano é a pecuária, com o tema "Para onde irão os novilhos".
Atualmente, o Estado tem um rebanho de 13,900 milhões de cabeças. Nos últimos anos, de acordo com Pereira, houve um crescimento acentuado da criação de raças europeias, como a angus, favorecida pela procura de frigoríficos que produzem carne com maior valor agregado. Esta oferta diferenciada é apontada pelo representante como um dos motivos que mantém a arroba gaúcha acima do preço da praça de referência São Paulo.
Nesta semana, a arroba é negociada no Estado a R$ 162, em média, enquanto em São Paulo o valor médio é de R$ 157,50. Mesmo com a remuneração superior, o sistema de confinamento não se desenvolveu na região, o que Pereira atribui à cultura dos pecuaristas locais. "Não tem nenhum significado forte", disse. Por esse motivo, os preços altos do milho - principal insumo usado na ração de animais no cocho - não deve influenciar o mercado gaúcho, afirma ele. Pereira disse também que a exportação de gado vivo pelo Estado é um estímulo ao mercado local de reposição e que o Rio Grande do Sul tem potencial para atender a demanda externa. As exportações de gado vivo pelo Porto Novo, em Rio Grande (RS), desde janeiro ultrapassaram 20 mil cabeças. Nesses mais de cinco meses foram realizados três embarques. Com informações do portal Estadão.