Publicado em 22/06/2016A colheita da safrinha de milho começou em ritmo acelerado em Mato Grosso, e o progressivo aumento da oferta está colaborando para derrubar os preços do grão no mercado doméstico. O Estado do Centro-Oeste, onde os agricultores normalmente plantam milho depois que encerram a colheita de verão de soja, atualmente lidera a produção nacional do cereal, à frente do Paraná.
Conforme levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), ligado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), a colheita já alcançou 10,3% da área total de cultivo estimada nesta temporada (4,2 milhões de hectares). Na mesma época do ciclo 2014/15, apenas 4,7% da área semeada (4 milhões de hectares) haviam sido colhidos.
Apesar dessa pequena diferença na área plantada - queda de 5,5% em 2015/16 -, a produção, golpeada por adversidades climáticas, deverá recuar 18,9% na comparação, para 21,2 milhões de toneladas. Ou seja, o cobertor curto pode limitar a redução dos preços, que nos últimos meses espremeu as margens de lucro dos frigoríficos de aves e suínos e pesou sobre os índices inflacionários.
Neste momento, porém, as quedas têm sido expressivas, até porque os elevados patamares ainda praticados têm estimulado os produtores a vender. "Pelo fato de os preços internos estarem atrativos, os produtores estão acelerando ao máximo os trabalhos de campo para aproveitarem as boas oportunidades que surgem no mercado", diz boletim divulgado pelo Imea.
Segundo o instituto, os preços tendem a continuar atrativos nas próximas semanas, apesar da curva descendente que começou a ser desenhada. Na semana passada, o Indicador Imea para a saca de 60 quilos negociada em Mato Grosso caiu 1,47%, para R$ 32,91. Em meados de junho de 2015, a saca estava em torno de R$ 16.
Em outros Estados, entretanto, as retrações já são mais acentuadas diante do movimento de ampliação da oferta doméstica, conforme aponta levantamento de cotações em cooperativas publicado diariamente pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.
A Coopermota, de Cândido Mota, no interior paulista, pagava ontem R$ 39 pela saca de 60 quilos de milho, 13,3% menos que no dia 15. No Paraná, onde a produção da safra de inverno também é vultosa - está estimada pela Conab em 12,9 milhões de toneladas em 2015/16 -, os recuos são igualmente relevantes. No balcão da Coopavel, com sede em Cascavel, por exemplo, a cotação da saca estava em R$ 36,50 ontem, 11% menos que na quarta-feira da semana passada.
O índice Esalq/BM&FBovespa mostra, porém, que as quedas, até agora, são apenas um alento. O índice desceu ontem para R$ 46,05 a saca, 13,36% menos que no início do mês. Há um ano, porém, o indicador apontava a saca a R$ 25,03. Com informações do Valor.