Publicado em 17/05/2016Enquanto o mercado inteiro olhava para política, a JBS divulgou a notícia que todos os seus acionistas queriam ouvir. Na quinta-feira (12), dia do afastamento da presidente Dilma Rousseff, o frigorífico anunciou uma reestruturação que agradou muito ao mercado. De lá para cá, as ações da companhia subiram 36%, fazendo o melhor desempenho de um papel dentro da carteira teórica do Ibovespa no período.
No pacote da reestruturação estão previstos a reorganização da companhia, a mudança de domicílio para a Europa, um movimento para listagem na Nyse (Bolsa de Valores de Nova York), um novo conjunto de leis corporativas para se enquadrar nos requisitos da Nyse, a troca de CEO, a entrada de novos diretores, a provável eliminação da maior parte das suas operações de hedge e a listagem terminando no fim do ano.
A ideia implícita nisso é dividir a empresa em duas: a JBS Foods International (JFI), que será dona de todos os ativos estrangeiros e a JBS Foods, que controlará a atual JBS Mercosul. Com a separação, todos os acionistas receberão ações das duas companhias, com a opção de trocar uma participação adicional da JBS Brasil por ações da JFI. A JBS será negociada na BM&FBovespa, enquanto a JFI será negociada na Nyse.
Por conta do anúncio, o HSBC reiterou a recomendação de "compra" para a empresa, estabelecendo o seu preço-alvo em R$ 15,50, contra os R$ 12,00 atuais, fazendo um potencial de valorização de 29% para a ação. Isso depois de todas as altas recentes.
"Esse movimento pode se provar tão importante para a criação de valor no longo prazo da JBS quanto foi para outros no setor: a mudança da SABMiller para Londres, a troca de controle da Ambev para um veículo melhor fora do Brasil e a mudança da Coca-Cola Hellenic Bottling's de Atenas para a LSE", diz o banco.
Quem também analisou com bons olhos essa reestruturação foi o Itaú BBA. Relatório da corretora do Itaú Unibanco diz que a transformação que será promovida na empresa irá ofuscar os resultados negativos do primeiro trimestre. E o research vai além: segundo os analistas Antônio Barreto e Thomas Budoya, a listagem das ações da JBS na Nyse desbloquearia um potencial de upside (valorização) de 130% na época em que o relatório foi escrito, ou 66,94% hoje, para R$ 20,00.
"Nós acreditamos que a reestruturação faz sentido, já que a companhia já tem a maioria dos seus ativos fora do Brasil e tem lutado contra o desconto atribuído pelo mercado ao seu preço de negociação", afirmam os analistas do Itaú BBA.
Por fim, a agência de classificação de risco Fitch também comemorou a reestruturação, dizendo que ela reduz a exposição cambial do frigorífico. Com informações do Infomoney.