Publicado em 13/05/2016A maior processadora de carne bovina do mundo, JBS, reduziu substancialmente sua posição de hedge (espécie de seguro contra a variação do câmbio) desde março, em meio ao que chamou de mudança expressiva no cenário que motivou a companhia a proteger 100% de sua exposição cambial, afirmou o presidente-executivo do grupo, Wesley Batista.
Em teleconferência após a divulgação de resultados da empresa no primeiro trimestre, o executivo comentou que a JBS deixou de rolar no final de março 50 mil contratos de hedge cambial, em um total de US$ 2,5 bilhões.
Batista, porém, evitou comentar mais detalhes sobre a posição atual de hedge da empresa. Perdas com proteção cambial ajudaram a empresa a fechar o primeiro trimestre com prejuízo de US$ 2,7 bilhões.
O executivo também comentou que a JBS está focada em reduzir sua alavancagem (endividamento) para a casa das duas vezes Ebitda, ante 3,84 vezes ao final do primeiro trimestre. Diante desta postura, a empresa não tem foco em fusões e aquisições neste ano, disse Batista.
As ações da companhia disparavam mais de 20% às 13h31, enquanto o Ibovespa mostrava valorização de 1,2%.
O movimento ocorria após a JBS anunciar na noite da véspera plano para reorganização de seus negócios internacionais, com a criação de uma nova empresa que será listada na bolsa de Nova York e com sede na Irlanda.
Analistas do Itaú BBA afirmaram que o anúncio da reorganização era suficiente para ofuscar o prejuízo bilionário sofrido no primeiro trimestre.
"A reestruturação tem potencial para destravar valor para os acionistas", disseram analistas liderados por Antonio Barreto em relatório. Eles acrescentaram que o plano de reorganização poderá destravar até 130 por cento em valor para as ações. "É um ganha-ganha para todos os acionistas", acrescentaram.
Segundo Batista, com a reorganização, que deve ser concluída no final do ano, a JBS espera balancear sua dívida entre as unidades e a nova empresa, JBS International, vai acabar absorvendo parte dos títulos de dívida emitidos pelo grupo.
O executivo comentou ainda que a JBS ainda vê necessidade de elevar preços no mercado interno do Brasil para compensar o impacto da recente alta de preços de grãos como o milho no início do ano.
A JBS elevou preços de alimentos processados no primeiro trimestre em 5,4% em relação aos três últimos meses de 2015 e já está trabalhando com novas tabelas que elevaram os preços em mais 7%.
Segundo o presidente-executivo da área de alimentos processados da JBS, Gilberto Tomazoni, há ainda necessidade de reajustar os preços para cima em mais 5 por cento.
Além disso, Tomazoni afirmou que a empresa tem expectativa de reduzir custos nos próximos trimestres diante da entrada da safrinha de milho, que deverá trazer os preços do grão para perto do nível praticado em exportações.
Sobre o mercado norte-americano de bovinos, Batista afirmou que a JBS tem confiança de que terá desempenho melhor nas operações do segmento no país nos próximos períodos, após prejuízo bruto de 205 milhões de dólares sofrido no primeiro trimestre. Com informações do Globo.com