Publicado em 20/04/2016A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, disse ontem que só voltará para o Senado, de onde está licenciada, se a própria Casa admitir o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e ela for afastada do cargo. Kátia foi reeleita em 2014 para senadora por Tocantins.
Em entrevista ao “Programa do Jô”, da Rede Globo, transmitida na madrugada desta quarta-feira, a ministra Kátia afirmou que não há necessidade de retomar a função de senadora, uma vez que seu suplente, Donizete Nogueira (PT-TO), é contra o impedimento de Dilma.
“Se passar a admissibilidade [do processo de impeachment no Senado], quando ela se afastará, aí os ministros também entregarão o cargo porque o vice-presidente [Michel Temer] vai assumir e montar sua equipe, e eu volto para o Senado”, explicou.
Kátia voltou a criticar a motivação do Legislativo para dar prosseguimento ao processo de impeachment de Dilma e se referiu à sessão no plenário da Câmara, no último domingo, como “um show de horrores”. Os deputados decidiram por 367 votos a 137 autorizar a abertura do processo de impedimento da presidente.
“Com todo respeito, mas foi um show de horrores, de lado a lado. Aquela sessão não poderia ficar na história. Não foi muito bonito de se ver”, comentou a ministra, que diz ter visto a sessão da Câmara em casa junto da família e amigos próximos.
Segundo Kátia Abreu, Dilma lhe afirmou que ao assistir a decisão dos deputados, “não esperava ver de novo um golpe” e que vem se sentindo muito injustiçada.
Na ocasião, pela primeira vez Kátia demonstrou contrariedade com as declarações feitas por um dirigente sindical da Confederação Nacional dos Trabalhadores (Contag), que incentivou invasões a propriedades rurais de parlamentares da bancada ruralista que votassem a favor do impeachment.
A falta de posicionamento da ministra a respeito do caso foi dada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) como “estopim” para que a entidade declarasse apoio ao impeachment de Dilma.
O presidente da CNA, João Martins, disse ao Valor que Kátia não é mais vista como “pessoa da Casa”. Várias entidades do agronegócio também resolveram romper relações com a ministra principalmente por conta de sua posição em defesa de Dilma.
“Não vou dizer que aprovo, mas compreendo o terror dos produtores rurais”, concluiu Kátia, em referência a possíveis invasões de fazendas. Com informações do Valor.