Publicado em 29/01/2016Em meio à forte queda de suas ações nos últimos meses - e sobretudo nesta semana-, a JBS se posicionou ontem, em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sobre as investigações que vêm afetando os papéis da companhia. Desde o dia 11 setembro, quando atingiram o pico histórico, as ações da JBS caíram 45,6%.
Em quatro tópicos - CPI do BNDES, auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) no BNDES, denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o empresário Joesley Batista e "notícias infundadas" -, a JBS detalhou sua posição e defesa sobre cada um desses casos.
Em relação à CPI do BNDES, a JBS reafirmou que os investimentos feitos pelo banco na companhia foram realizados pela BNDESPar, o braço de participações do banco, por meio de compra da ações, e não de empréstimos a juros subsidiados "como é comumente divulgado". Atualmente, a BNDESPar tem 23,8% das ações da JBS, de acordo com o formulário de referência da companhia disponível na CVM.
Além disso, a JBS argumentou que as operações de aumento de capital que foram subscritas pela BNDESPar e atos societários "foram praticados de acordo com a legislação do mercado de capitais brasileiro, são públicos e estão disponíveis da CVM". Ainda no que diz respeito à CPI do BNDES, a companhia afirmou não ver "nenhuma razão ou hipótese desse assunto trazer prejuízo às operações ou negócios da companhia".
No caso da auditoria do TCU, a JBS enfatizou que é o BNDES, e não a empresa de carnes, que está sendo "auditada" pelo órgão fiscalizador. A empresa também destacou que os investimentos da BNDES na JBS ocorreram a valores de mercado.
No comunicado, a JBS ressaltou ainda a posição do próprio BNDES, para o qual a análise do TCU representa uma oportunidade para o banco demonstrar "que as operação foram lucrativas e realizadas com rigor técnico". Diante disso, a JBS assegurou "não ter o menor receio" de que a análise do TCU possa afetar seus negócios ou mesmo sua situação patrimonial.
Em relação à denúncia feita pelo MPF contra Joesley Batista, que preside o conselho de administração da JBS e a J&F Investimentos - a holding que controla a JBS -, a empresa reforçou que não é "parte relacionada" no processo. De fato, a denúncia do MPF diz respeito ao Banco Original e à Flora, ambos controlados pela J&F, e à própria J&F.
De acordo com a JBS, a denúncia feita pelo MPF teve origem em uma investigação feita pelo Banco Central no Banco Original em maio de 2012. Essa investigação, de âmbito administrativo, resultou em uma multa de R$ 250 mil aos diretores do Original e "não provocou qualquer tipo de impedimento de ordem pessoal aos mesmos, que permanecem habilitados a continuar atuando no mercado financeiro".
A formalização da denúncia do MPF contra Joesley Batista foi o principal motivo para o aprofundamento de queda das ações da JBS. Entre terça-feira, quando o MPF anunciou a denúncia, e anteontem, as ações da JBS caíram 20,9%. Ontem, os papéis da empresa recuperaram parte da perda, subindo 11,18%, para R$ 9,35. A alta das ações foi intensificada após a divulgação do comunicado.
No último tópico da nota, a JBS reagiu ao que chamou de "notícias infundadas". O relatório de investigação da fase Triplo X, da Operação Lava Jato, se refere à investigação da Operação Ararath que, segundo a Polícia Federal, atribui ligação da "offshore" Avel com Wesley Batista, presidente da JBS. No comunicado de ontem, a empresa assegura que Batista foi procurador e não proprietário da Avel entre 2006 e 2008.
A JBS sustenta que a Avel não chegou a ser implementada, não "tendo sequer aberto conta bancária ou realizado qualquer tipo de movimentação financeira ou patrimonial". A "offshore" Avel Group LLC teria sido aberta pela Mossack Fonseca, principal alvo de investigação da fase Triplo X da Operação Lava-Jato. No comunicado, a JBS afirmou que a empresa e seu presidente "não têm e nunca tiveram qualquer relação com nenhum imóvel no Guarujá, alvo da Operação Triplo X".
Ao fim do comunicado, a companhia lamentou "que o momento que o Brasil vive contribua para fomentar notícias e citações que geram incertezas, questionamentos e prejuízos para aqueles que acreditam e investem na JBS" Com informações do Valor.