Publicado em 03/09/2015A paralisação dos servidores estaduais do Rio Grande do Sul prejudica o trabalho de frigoríficos. De acordo com o Sindicato da Indústria da Carne, mais de 5 mil bovinos deixam de ser abatidos por dia em todo o estado, devido à greve dos técnicos das inspetorias veterinárias.
Os servidores são responsáveis por conceder as autorizações para transportar e abater animais. Sem os documentos, os funcionários dos abatedouros estão sem trabalhar.
A categoria é uma das mais de 40 do funcionalismo público estadual que realizam uma greve geral em protesto contra o parcelamento de salários adotado pelo governo do Estado. A paralisação começou na última segunda-feira (31), dia em que a medida foi anunciada pelo governador José Ivo Sartori.
Desde a segunda-feira, os frigoríficos não têm a liberação de trânsito dos animais da propriedade para o abate. O problema faz com que o empresário José Hilário Silveira em Pelotas, no Sul do estado, tenha um prejuízo de R$ 100 mil.
"A medida de trabalho dos funcionários é reinventar. Fazer limpezas, trabalhar com mão de obra paralela, mas nós não estamos fazendo absolutamente nada que venha para faturamento da empresa. Nossa competitividade está caindo por terra", lamenta.
Em outro abatedouro de Pelotas, a direção decidiu dar folga aos funcionários nesta quinta-feira (3), enquanto a proprietária tenta reverter a situação na Justiça. "Estamos entrando ainda com uma liminar se possível pra ainda ver se consigo abater na sexta", afirmou a empresária Carmem Regina Roloff.
A Secretaria de Agricultura disse ter recebido duas liminares que serão cumpridas nesta quinta em Pelotas, mas os outros frigoríficos devem continuar parados no período de greve. As emissões de guias de transito de animais devem ser normalizadas na semana que vem.
Parcelamento de salários e greve
Em pronunciamento na segunda-feira (31), no Palácio Piratini, o governador José Ivo Sartori detalhou o cronograma de pagamentos, em quatro parcelas. Além dos R$ 600 já depositados, mais R$ 800 serão pagos até o dia 11 de setembro. Já no dia 15 está programado o crédito de R$ 1.400. A parcela complementar para quem ganha acima de R$ 2.800 será creditada até dia 22.
A medida causou indignação e motivou protestos. Na segunda-feira (31), os servidores iniciaram uma greve de quatro dias. A paralisação, que afeta serviços essenciais como educação e segurança, está prevista para terminar na quinta-feira (3), mas pode ser prolongada.
A Federação Sindical dos Servidores Públicos no Rio Grande do Sul (Fessergs) estima que 100 mil servidores tenham aderido à paralisação. Professores, policiais civis e militares e agentes penitenciários foram os que mais participaram do movimento até agora. Um novo ato está marcado para esta quinta (3) em frente ao Palácio Piratini, sede do governo gaúcho.
A União também repetiu a medida adotada no mês anterior e bloqueou novamente as contas do governo do estado na terça-feira (1º). O governo do Rio Grande do Sul garantiu que a medida não vai afetar o pagamento dos salários dos servidores. Ainda nesta quarta (2), Sartori vai a Brasília acompanhado do procurador-geral do estado, Euzébio Ruschel, para participar de reuniões no Supremo Tribunal Federal (STF). Com informações do Globo.com