Publicado em 14/05/2015A disparidade entre a programação de abate dos frigoríficos de menor porte e a da grande indústria influencia na formação de preços no mercado físico. As empresas de menor porte, sem condições logísticas de comprar bois em outros Estados, vêm lidando em seus mercados com pecuaristas pouco dispostos a ofertar lotes mais baratos. Com isso, as escalas desta parcela do setor se encurtaram na quarta-feira. Já os gigantes do mercado seguem arbitrando preços em diferentes regiões, conseguindo manter mais confortável sua programação de abates.
"Em São Paulo, as grandes empresas do setor têm escalas mais tranquilas, porque trabalham de modo mais agressivo com as negociações a termo. Mas as de menor porte sentem mais dificuldade", confirma Ricardo Heise, sócio-diretor da Boi Invest.
Desse modo, os frigoríficos menores sustentam as cotações em suas regiões, enquanto as grandes empresas seguem pressionando produtores em outras para comprar lotes a preços mais favoráveis.
Acompanhe as cotações da arroba do boi em: www.pecuaria.com.br/cotacoes.php
Em São Paulo, o "cabo de guerra" se traduziu em estabilidade no preço da arroba. A Informa Economics FNP vê a referência a R$ 149 à vista, enquanto a Scot Consultoria observa R$ 148,50 pela arroba. Esse valor também é o considerado pelo BESI Brasil, que identificou recuo de R$ 0,50 na cotação de ontem. Já o indicador Cepea/Esalq caiu 0,3%, a R$ 148,55/arroba à vista. A prazo, a cotação ficou em R$ 148,31/arroba (-0,46%).
A diferença nas escalas de abate é verificada na comparação entre as regiões. Analistas indicam que em Minas Gerais e Goiás as programações estão mais adiantadas, enquanto em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul as escalas são mais curtas. Isso faz com que os mercados regionais oscilem ao sabor da disputa entre pecuaristas e indústria.
Segundo a Scot Consultoria, houve queda nas cotações no Triângulo Mineiro e no sul de Minas Gerais, para R$ 137/arroba, de R$ 138/arroba. O Cepea também registrou queda no Triângulo, de R$ 0,32, para R$ 133,18, em preço à vista e sem o Funrural. Já em Campo Grande, houve avanço da referência em R$ 1/arroba, para R$ 143/arroba, segundo a Scot. Para o Cepea, a alta foi de R$ 0,67, para R$ 141,27, em valor que também desconsidera o imposto. A Informa apurou estabilidade em todas as praças.
Na BM&FBovespa, os contratos futuros tiveram dia de recuperação ontem. Após sucessivas quedas, o papel relativo a maio subiu R$ 0,29, para R$ 147,36. O novembro foi o único a registrar recuo, ainda assim próximo da estabilidade. A queda foi de R$ 0,02, para R$ 152,98.
Os preços da carne ficaram estáveis na quarta-feira, com fluxo de vendas regular. De acordo com a Scot, o quilo do boi capão ficou em R$ 9,40, com o dianteiro a R$ 7,85 e o traseiro a R$ 10,70. Nos próximos dias, é provável que o volume de negócios seja reduzido, em função da segunda quinzena do mês - quando os brasileiros tendem a diminuir a demanda por carne bovina. "Acredito que o aumento nos animais para o abate e a queda na demanda por carne deve resultar em novas pressões sobre as cotações", avalia a analista Catarina Pedrosa, do Besi Brasil, em relatório a clientes. Com informações do portal Estadão.