Publicado em 30/04/2015Apesar de ter conseguido ampliar em mais de 10% as exportações de carne bovina a partir do Brasil no primeiro trimestre, na contramão do que ocorreu com os principais frigoríficos do país, a Minerva Foods foi afetada pela variação cambial sobre a dívida em dólar e fechou o primeiro trimestre com prejuízo líquido de R$ 587,2 milhões, ante o lucro líquido de R$ 69 milhões reportado em igual período de 2014.
A empresa, terceira maior produtora de carne bovina do Brasil, observa que esse prejuízo não tem efeito sobre o seu caixa, uma vez que a maior parte de sua dívida Minerva está alongada - apenas 17% vence no curto prazo. Conforme o diretor-executivo de finanças da empresa, Edison Ticle, a Minerva teria registrado um lucro de R$ 53 milhões no primeiro trimestre desconsiderando os impactos sem efeito sobre o caixa.
Do ponto de vista operacional, Ticle ressaltou o forte incremento das exportações, que impulsionou o faturamento da companhia. Nesse caso, a valorização do dólar beneficiou a Minerva na medida em que torna as exportações mais competitivas.
A receita líquida da empresa somou R$ 2,156 bilhões no primeiro trimestre, crescimento de 54,2% ante a receita de R$ 1,397 bilhão apurada em igual intervalo do ano passado. Na mesma base de comparação, o faturamento bruto das exportações cresceu 52,3 %, somando R$ 1,552 bilhão.
De acordo com o executivo, as exportações cresceram sobretudo a partir do Brasil - a empresa também tem frigoríficos no Uruguai e Paraguai -, levando em conta que as vendas externas totais de carne bovina do Brasil caíram 24% em volume, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Ele afirmou que, sem reduzir preço, a Minerva ganhou espaço da concorrência, elevando sua participação nas exportações do Brasil de 16% para 24% na comparação anual.
Com o melhor desempenho nas exportações e também com o avanço das vendas no mercado doméstico, a Minerva teve um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 188,4 milhões no primeiro trimestre, alta de 38,2%.
A margem Ebitda, porém, caiu 1 ponto percentual na comparação anual, saindo de 9,7% no primeiro trimestre do 2014 para 8,7% nos primeiros três meses deste ano. Essa queda reflete os custos mais alto do boi gordo, matéria-prima responsável por 80% dos custos de produção.
Para os próximos dois meses, a expectativa de Ticle é que os preços do boi recuem, uma vez os pecuaristas vinham segurando animais por conta da boa qualidade de pastos e agora, com a redução das chuvas, não podem mais fazê-lo. Já no segundo semestre, ele acredita com o aumento dos confinamentos devem contribuir para uma oferta mais "uniforme" do bovinos. Com informações do Valor.