Publicado em 15/04/2015Braço veterinário da farmacêutica francesa Sanofi, a Merial ficou satisfeita com a decisão da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura de suspender por um ano, prorrogável por igual período, algumas normas de biossegurança para fábricas de vacina contra o vírus da febre aftosa. Na prática, a medida pode significar a reabertura das fábricas de vacinas da própria Merial e da Vallée, que estão fechadas por "não conformidades" com as normas, atualizadas em 2012.
"Vejo por parte do ministério grande seriedade em resolver o problema. O [secretário de Defesa Agropecuária] Décio Coutinho antecipou uma solução", afirmou o presidente da Merial no Brasil, Jorge Espanha - que disse que foi surpreendido com o anúncio, publicado segunda-feira no "Diário Oficial da União".
Para Espanha, a medida da SDA afasta o risco de desabastecimento no mercado de vacinas contra aftosa. Ele se disse "convencido" de que faltaria vacina casos as fábricas da Merial, que fica em Paulínia (SP), e a da concorrente Vallée continuassem fechadas. Juntas, ambas respondem por 70% da produção nacional.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Agricultura não respondeu. Em fevereiro, a Pasta negou ao Valor que havia risco de desabastecimento, pois havia outras empresas prontas a produzir essas vacinas. Fontes do segmento dizem que essas companhias ficaram contrariadas com a decisão da SDA.
Confiante na reabertura da fábrica da Merial, que recebeu aportes de R$ 5 milhões em adaptações, Espanha ressalvou que o processo de produção de vacinas é lento. A expectativa é que, caso a fábrica seja reaberta nas próximas semanas - ainda faltam trâmites burocráticos -, a Merial consiga ofertar volumes significativos só na primeira etapa da campanha de vacinação de 2016.
Paralelamente, a empresa está construindo uma nova fábrica de vacinas também em Paulínia, totalmente adequada às novas regras. A Merial prevê investir de € 55 milhões a € 60 milhões na planta. Com informações do Valor.