Publicado em 13/04/2015Análises feitas em produtos de origem animal, tais como carnes e leite, identificaram conformidade superior a 99% para a presença da maioria dos medicamentos veterinários em uso no país. Os resultados, que integram o Programa Nacional de Controle de Resíduos e Contaminante (PNCRC), foram divulgados na última sexta pelo Ministério da Agricultura.
Apesar disso, o monitoramento também detectou o uso do promotor de crescimento ractopamina em bovinos, cujo uso é proibido no Brasil. Esse produto não é aceito por importadores de carne bovina como Rússia e União Europeia, que já ameaçaram proibir as importações da carne brasileira por conta da detecção de resíduos de ractopamina.
Conforme os resultados do PNCRC referentes ao ano de 2014, o uso de ractopamina foi detectado em uma das 303 amostras de bovinos abatidos coletados, o que representa 0,33% do total. O resíduo de ractopamina foi encontrado no músculo do bovino.
Entre os produtos monitorados pelo PNCRC, o antiparasitário avermectina apresentou o pior resultado. Das 505 amostras do fígado de bovinos abatidos, 3,17% apresentaram resíduos acima do limite permitido. Ainda que em menor dimensão do que a ractopamina, as avermectinas também geraram bastante polêmica no setor e conflito entre grandes frigoríficos exportadores e a indústria veterinária.
Largamente usadas no Brasil, as avermectinas de longa ação tiveram o uso suspenso no ano passado pelo Ministério da Agricultura. No centro da questão, estava a detecção pelos EUA de resíduos de avermectina em carne bovina enlatada importada do Brasil.
Recentemente, a Justiça derrubou a instrução normativa que suspendia o uso das avermectinas de longa ação. O Ministério da Agricultura decidiu não recorrer. A Pasta chegou a um acordo com frigoríficos e indústria veterinária em torno do combate ao contrabando e ao uso irregular do medicamento veterinário.
Ainda no segmento de bovinos, também apresentou índice de não conformidade superior a 1% contaminantes inorgânicos (arsênio, chumbo e cádmio) em multiensaio. Em bovinos de leite, não houve casos de índice de não conformidade superior a 1%.
No setor de aves de corte, os anticoccidianos, usados para combater uma doença causada por um protozoário, tiveram índice de não conformidade de 2,25%. De um total de 222 amostras, 5 apresentaram inconformidade. Os resíduos de anticoccidianos acima do limite foram detectados no músculo. Também registaram índices acima de 1% no segmento de antimicrobianos — foram encontrados resíduos no fígado e no músculo.
Pelos resultados do PNCRC para os ovos, também foi encontrado índice de não conformidade acima de 1% para anticoccidianos e antimicrobianos. Com informações do Valor.