Publicado em 25/03/2015Frigoríficos menores têm demandado boi gordo no mercado paulista e sustentando as cotações no Estado. Com dificuldade de arcar com as despesas de logística na compra de animais de outras praças, a indústria de menor porte paga mais para conseguir atender suas escalas de abate. Ontem, a Informa Economics FNP, em seu levantamento diário de preços, apontou R$ 148/arroba à vista em São Paulo, o maior valor nominal da série histórica medida pela consultoria.
A Scot Consultoria continua indicando arroba a R$ 146 à vista e R$ 147 a prazo, mas seus analistas ressaltam que é comum ver negócios fechados acima do valor de referência, enquanto ofertas abaixo da cotação não são aceitas pelos pecuaristas. Essa sustentação se reflete no indicador Cepea/Esalq, que ontem fechou a R$ 146,50/arroba à vista, quase estável (+ 0,01%).
A prazo avançou 0,41%, para R$ 147,66/arroba. No pregão da BM&FBovespa, os futuros tiveram novo dia de queda. O contrato com vencimento em maio, o mais líquido, com 2.053 contratos negociados, recuou R$ 0,51, para R$ 147,41/arroba. O vencimento abril ainda indica R$ 148,00.
No mercado físico, as cotações também avançaram em Mato Grosso do Sul, Estado em que as indústrias de menor porte sofrem com a redução de suas margens. "Para o frigorífico, o boi está caro e a carne, barata. Essa combinação reduz a margem das empresas e dificulta a saída das companhias da sua situação de crise", avalia o professor Sérgio de Zen, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). Ontem, a Informa registrou alta de R$ 1 na arroba à vista em Dourados (para R$ 142) e no valor a prazo em Três Lagoas (R$ 143). A Scot também observou alta na cotação em Dourados, que foi a R$ 141 à vista.
Para as grandes empresas do setor, as margens também estão comprimidas porque as exportações ainda não se recuperaram o suficiente para compensar o consumo no mercado doméstico. Mesmo a alta do dólar em relação ao real desde o início do ano, o que em tese melhora a competitividade da carne brasileira, ainda não surtiu efeitos visíveis sobre as vendas externas.
Dentre os motivos estão as condições econômicas desfavoráveis em importantes parceiros comerciais do Brasil, que enfrentam a desvalorização cambial ou a queda nos preços do petróleo. No caso da Rússia, as duas coisas acontecem. O país é um dos principais mercados consumidores do produto nacional e, junto à Venezuela, ao Egito e ao Irã, representa 55% das vendas externas de carne bovina. "(Devido aos problemas), esses importadores estão exigindo grandes descontos sobre os preços de importação em dólares", afirma José Cataldo, estrategista de análise varejo da Ágora Corretora, em relatório a clientes.
Por outro lado, os analistas do Deutsche Bank estão otimistas em relação às exportações. O banco espera que os volumes à Rússia voltem gradualmente ao normal e que as vendas "perdidas" no primeiro trimestre sejam redirecionadas a outros países. Enquanto isso, a demanda doméstica segue fraca, mas o atacado não registrou variações relevantes de preços. De acordo com a Scot, o preço do quilo do dianteiro permanece em R$ 7, o traseiro está a R$ 10,10 e o boi inteiro, a R$ 8,48/quilo. Com informações do portal Estadão.