Publicado em 26/02/2015Os bloqueios de trechos das rodovias federais em Mato Grosso durante protesto dos caminhoneiros têm trazido consequências sérias, entre elas a suspensão do abate diário de 18 mil bovinos a partir desta quinta-feira (26). A informação do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo) é de que as 31 unidades do estado, que é o maior produtor de carne bovina do país, estão praticamente paradas e os funcionários foram dispensados.
Os motivos da suspensão são vários. Primeiro, os caminhões para o transporte dos animais não conseguem passar pelos pontos de interdição, já que está sendo permitido somente o tráfego de veículos com cargas vivas. Quando chegam até os frigoríficos, os bovinos não podem ser abatidos porque não existe espaço nas câmaras frias para o armazenamento das carnes e depois não tem como transportá-las para outras cidades e estados.
"O setor está sofrendo as consequências da paralisação. Se continuar assim, deve haver desabastecimento de carne", afirmou o secretário executivo do Sindifrigo, Jovelino Borges. Ele informou que um dos maiores frigoríficos do estado, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, apenas 50 animais foram abatidos nesta quarta-feira (25). Desse modo, as empresas do setor decidiram suspender as atividades até que as rodovias sejam liberadas. Apenas 5% dos abates foram mantidos.
Desde a quarta-feira passada (18), trechos das BRs 163 e 364 estão bloqueados para o trânsito de veículos de carga. Com o passar dos dias, o protesto ganhou força e mais trechos foram interditados. No início da semana, dois trechos da BR-070 também foram trancados pelos manifestantes. Depois de uma reunião com o governo do estado, ficou acordado que seria feita a liberação para os veículos com cargas de alimentos perecíveis e combustíveis, mas o acordo não vem sendo integralmente cumprido.
Colheita comprometida
A colheita da soja também está comprometida. Em algumas lavouras em Sinop, 503 km de Cuiabá, um dos municípios que mais produz grãos no estado, a colheita já está parada, como informou o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais do município, Antônio Galvan. Segundo ele, se em, no máximo, dois dias os bloqueios não forem suspensos, as fazendas devem parar de colher por falta de combustível para abastecer os maquinários. Pelo menos 25% da colheita já foi suspensa, nesse município.
"Algumas propriedades já pararam de colher obrigatoriamente por falta de combustível. Dentro de dois dias, a nossa região deve parar de colher", afirmou o sindicalista. Assim como em Sinop, em Sorriso, a 420 km da capital, maior produtor de grãos de Mato Grosso, a falta de combustível também pode afetar as lavouras. "Alguns produtores pararam ontem por falta de combustível, mas depois chegou combustível na região e a colheita foi retomada", disse o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Sorriso, Laércio Lenz.
Pelo menos 20% dos produtores rurais não têm mais diesel para continuar trabalhando nas lavouras e 80% só têm combustível para mais cinco dias, conforme a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja).
Falta de combustível
A maioria dos municípios da região Norte do estado enfrenta desabastecimento de combustível, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Mato Grosso (Sindipetróleo). Entre os municípios cujos postos não têm mais combustível estão: Alta Floresta, Sinop, Lucas do Rio Verde, Sorriso, Nova Mutum e Guarantã do Norte. Alguns postos, inclusive, foram lacrados por falta de combustível para comercializar. Com informações do Globo.com