Publicado em 25/02/2015O complexo carnes contrariou as expectativas iniciais para este ano ao registrar desempenho negativo maior do que o esperado. Com isso, outras etapas da cadeia produtiva, como a reciclagem de resíduos de abate, já sentem estes prejuízos, além de entraves como as altas nas tarifas de energia e combustíveis.
O segmento, que tem por objetivo processar ossos e gordura, teve perdas em torno de 17% só neste primeiro trimestre. A avaliação foi dada ontem pelo presidente do Sindicato Nacional dos Coletores e Beneficiadores de Sub Produtos de Origem Animal (Sincobesp), Gustavo Razzo.
"Nosso papel é fazer subprodutos como a farinha de carne, usada em ração de aves e suínos, e sebo, para sabão, biodiesel, etc. Sazonalmente, temos um grande aumento na demanda no final de ano, o que não aconteceu em 2014. Não vejo boas perspectivas para este ano, pois ainda temos a pressão de custos com tarifas de energia, coleta e combustíveis", afirma.
O executivo conta que o desempenho do mercado interno é a principal influência deste elo da cadeia. Tanto que até a quantidade de feriados de 2015 é um fator negativo. Os custos com energia elétrica subiram mais de 40%, impossibilitando o repasse para o preço final. De acordo com a entidade, o faturamento médio, anual, deste segmento - também conhecido como graxaria - é de R$ 5,81 bilhões, com mais de 12 milhões de toneladas de resíduos de abate animal processados, que geram 5,4 milhões de toneladas de farinhas e óleos.
Mercado externo
Sem informações consolidadas, o coordenador técnico da Associação Brasileira de Reciclagem Animal (Abra), Lucas Cypriano, acredita que o desempenho de 2015 pode estar muito atrelado aos preços das commodities agrícolas, milho e farelo de soja, que também compõem a ração animal.
"Baixos preços do milho e farelo pressionam os valores da farinha. Em um cenário interno de menor demanda e dólar alto, a exportação se torna algo interessante", avalia.
O Brasil está entre os seis maiores exportadores de farinha de carne. Responsável por cerca de 4% dos embarques globais, o País perde para mercados como Argentina e Nova Zelândia, não por falta de produto, mas porque a demanda interna consome praticamente toda a produção, ou seja, 97%.
"O mercado externo é gigantesco. Em linhas gerais, este não será um ano negativo, o que devemos ter são margens de renda menores. Sendo assim, abre-se a possibilidade de nos voltarmos mais para as exportações", acrescenta Lucas.
Fomento
No intuito de buscar alternativas e novos negócios dentro do setor, será realizada nos dias 25 e 26 de março a Feira Internacional de Graxarias (Fenagra) 2015, no município paulista de Ribeirão Preto.
"Existe um sentimento negativo atual, mas sabemos que o processo não pode parar. Não podemos deixar de coletar nossa matéria-prima. O que mostraremos no evento são novas tecnologias do mundo todo que podem ser aplicadas no futuro", diz Razzo. Com informações do DCI.