Publicado em 19/02/2015A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) divulgou ontem um comunicado em que “alerta que pequenos e médios frigoríficos vão desaparecer”. Afirma ainda na nota que, “se nada for feito, a JBS vai dominar por completo a produção de proteínas animais no país”.
Segundo a entidade, “os mais de 600 pequenos e médios frigoríficos que operam no país estão em vias de desaparecimento pela brutal dominação que se instalou no setor nos últimos anos e que continua se acentuando”, numa referência à JBS.
“Não existe igualdade de oportunidades no setor de carne bovina brasileiro pela ausência de um tratamento igualitário às empresas, o que eliminou a concorrência. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) criou um gigante que está engolindo a tudo e a todos e que parece fora de qualquer controle”, afirma o presidente-executivo da Abrafrigo, Péricles Salazar, na nota.
A entidade “pede socorro” à ministra da Agricultura Kátia Abreu, à presidente da Dilma Rousseff e aos parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária Brasileira, para “que se busque uma solução urgente” para a questão.
Na avaliação de Salazar, “em pouco tempo, com o desaparecimento destas empresas [pequenos e médios frigoríficos], o mercado interno, as exportações, o consumidor e os pecuaristas irão ficar nas mãos de apenas duas ou três empresas”. Ele acrescenta, no comunicado, que “hoje em dia as margens estão apertadas pela concorrência predatória que se faz com dinheiro público (...). Muitas unidades estão fechando, sem condições de sobrevivência”.
O dirigente defende que “a única saída para a manutenção de um equilíbrio econômico sadio no setor, seria a adoção de uma política pública voltada exclusivamente para os pequenos e médios frigoríficos, para que possam competir em igualdade de condições”. Na avaliação da Abrafrio, os setores de aves e suínos também caminham para a concentração.
De acordo com o Abrafrigo, os 600 pequenos e médios frigoríficos que operam no país são responsáveis por mais de 900 mil empregos e pelo abastecimento de quase 50% do mercado interno de carne bovina.
Procurada, a JBS preferiu não se manifestar sobre o assunto. Com informações do Valor.