Publicado em 10/12/2014O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro deverá encerrar 2014 com crescimento de 3,8% em relação ao resultado do ano passado, conforme estimativa divulgada ontem pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A alta prevista é puxada pelo bom ano da pecuária e pelo aumento da colheita de grãos na safra de 2013/14, mas será limitada pela queda das cotações de produtos como soja e milho nos últimos meses.
Se confirmada a projeção, todas as riquezas geradas pelo agronegócio brasileiro somarão R$ 1,13 trilhão neste ano, conforme os cálculos da CNA. Assim, a participação do setor no PIB total nacional poderá subir de 22,5%, em 2013, para 23,3%. Parceiro da CNA na mensuração do PIB do agronegócio, o Cepea/Esalq reduziu sua projeção para o avanço do setor em 2014 de 3,8% para 2,6%, em consequência de uma desaceleração identificada já em agosto.
Em seu estudo "Balanço 2014, Perspectivas 2015", que foi divulgado ontem em Brasília, a CNA também projeta que o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária brasileira deverá alcançar R$ 450,8 bilhões este ano, com crescimento de 6,1% na comparação com o valor de 2013. E a entidade já estima aumento de 2,7% do VBP em 2015, impulsionado sobretudo por uma expectativa de forte avanço para a carne bovina (27,6%), ancorado no elevado patamar de preços da arroba do boi. Para toda a pecuária, a CNA espera crescimento de 17,8% do VBP.
Em relação à balança comercial, a CNA prevê que as exportações do setor também crescerão em 2014, ainda que pouco. A entidade estima que os embarques renderão R$ 100,1 bilhões em 2014, ante os R$ 99,9 bilhões do ano passado.
A presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), destacou o fato de que todas as projeções apresentadas terem sido feita em um ambiente de preços em queda de commodities importantes para o país, mas também reiterou que não há motivo para "desespero".
"Está havendo queda no preço das commodities, mas nada brusco nem desesperador. Acho que os produtores não devem trabalhar com grande otimismo, mas também não pode haver pessimismo, as coisas têm que ser equilibradas", avaliou. "A perspectiva para 2015 se equilibra entre a queda de preços [agrícolas], a diminuição no preço do petróleo, que forma os custos dos insumos agrícolas, e o consumo que não tende a cair tanto."
E é em meio a esse cenário que a senadora deverá assumir o Ministério da Agricultura, segundo sinais emitidos por seus aliados e pelo próprio Palácio do Planalto. Segundo fontes do governo, a presidente Dilma está apenas esperando que a senadora tome posse na CNA para seu terceiro mandato à frente da entidade, na próxima segunda-feira, para anunciá-la como ministra. É possível inclusive que esse anúncio ocorra no mesmo dia da posse.
No evento de ontem, contudo, Kátia Abreu evitou confirmar se será mesmo ministra. "São apenas especulações. Vamos aguardar os acontecimentos e assistir à bela posse de um ministro que vier para a Agricultura", afirmou. Mas, mesmo sem confirmar se será ou não ministra, a senadora falou sobre resistências à sua indicação e não fugiu da polêmica que a colocou em linha de colisão com a JBS, maior conglomerado de proteínas animais do mundo e uma das maiores empresas do Brasil.
Conforme já informou o Valor , fontes do governo afirmam que Joesley Batista, presidente da holding J&F, que controla a JBS, procurou o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e criticou a indicação da senadora de Tocantins. A empresa nega que tenha divergências com Kátia Abreu e garantiu nunca ter sido contrária à sua nomeação. Com informações do Valor.