Publicado em 08/12/2014O líder da oposição no Congresso, deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), considera a situação política atual da presidente Dilma Rousseff pior do que a enfrentada em 1992 pelo então presidente Fernando Collor de Mello, que acabou depois sofrendo um processo de impeachment.
Em entrevista ao programa “Poder e Política”, do UOL, Caiado, que é médico e tem 65 anos disse: “Esse é um momento muito mais grave do que a época do governo Collor (…) Você acha que é fácil remontar um país? Quando todos os ministérios estão contaminados, fundos de pensão, bancos oficiais, BNDES. Essa é uma tarefa extremamente árdua, difícil”, declarou Caiado, que está concluindo 5 mandatos de deputado federal e se prepara para assumir uma vaga no Senado, a partir do ano que vem, pelo Democratas de Goiás.
Caiado faz uma recomendação à senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), que é também presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária), que está prestes a ser nomeada ministra da Agricultura por Dilma Rousseff:
“Kátia, permaneça senadora e presidente da CNA. Não assuma isso, porque você sabe que hoje o Ministério da Agricultura é muito mais uma partilha de uma estrutura que não tem nada a ver com o setor rural, e, ao mesmo tempo, a base política e sustentação não lhe dará apoio para as mudanças que são necessárias”
Segue a íntegra das respostas de Caiado:
A presidente Dilma Rousseff deve, tudo indica, nomear a senadora Kátia Abreu, do PMDB-TO, ministra da Agricultura. Qual é a sua opinião sobre essa nomeação?
Se a senadora Kátia Abreu me consultar, eu vou desaconselhar.
Por quê?
Por vários motivos. Primeiro, porque o governo vai tomar atitudes na área econômica e o setor mais penalizado será o agropecuário. E, segundo, a vida nos ensina que não são os nossos opositores os nossos maiores adversários. Nosso maior adversário é o fogo amigo.
Ela [Kátia Abreu] sabe muito bem que, com a estrutura dentro do Ministério da Agricultura hoje e dentro da base do seu próprio partido, ela não terá sustentação para fazer nenhuma alavancagem ou mudança substantiva em relação ao setor rural –com aquilo que se espera de uma política de infraestrutura para o país, de uma política de capacidade de renda para o setor primário, diminuição da carga tributaria imposta à cesta básica. Todas essas políticas seriam fundamentais para que o setor se tornasse competitivo internacionalmente.
Mas o sr. considera Kátia Abreu qualificada para ser ministra da Agricultura?
Não tiro o mérito dela. Não existe, por parte da classe, esse apoio a nenhuma representante da Confederação Nacional da Agricultura, para assumir essa função como sendo porta-voz desse setor junto à presidente da República, porque esse governo tem voltado as costas em todos itens.
Mas Kátia Abreu é uma pessoa qualificada para ser ministra?
Você não tenha dúvidas disso. Eu não estou tirando o mérito dela. Estou dizendo que o momento em que ela está sendo colocada é algo que realmente desmonta o discurso da classe e até o próprio discurso da senadora Kátia.
Seria um passo errado na carreira dela?
É o que eu estou dizendo. É lógico que você toma sua decisão de acordo com a sua consciência. Se eu for consultado, vou dizer a ela: "Kátia, permaneça senadora e presidente da CNA. Não assuma isso, porque você sabe que hoje o Ministério da Agricultura é muito mais uma partilha de uma estrutura que não tem nada a ver com o setor rural e, ao mesmo tempo, a base política e sustentação não lhe dará apoio para as mudanças que são necessárias". Com informações do UOL.