Segundo Leandro Feijó, diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, por envolver uma decisão política e comercial, e não apenas técnica, a posição favorável do Brasil no mercado russo pode mudar rapidamente.
Para ele, assim que a Rússia fizer as pazes com os europeus e os americanos, tudo pode mudar e frigoríficos brasileiros podem ser retirados do mercado.
A Rússia bloqueou a compra de produtos agrícolas de Europa, EUA, Canadá, Noruega e Austrália em agosto em resposta a sanções estalecidas pelo bloco, que discorda da posição de Moscou na crise da Ucrânia.
O Brasil tornou-se assim fornecedor preferencial de carnes para o país, motivando uma corrida para habilitar frigoríficos brasileiros.
Desde o dia 6 de agosto, 113 novos frigoríficos nacionais foram credenciados –antes apenas 57 tinham permissão. "O Brasil nunca foi colocado nessa posição. Os três grandes competidores, que são Estados Unidos, União Europeia e Austrália, foram tirados da jogada", disse Feijó em entrevista à Folha.
A Rússia já era o principal destino da carne bovina e suína brasileira. No mês passado, as vendas brasileiras de carne bovina, suína e de frango para os russos chegaram a US$ 360 milhões, um aumento de 50% ante agosto do ano passado.
A avaliação de que a oportunidade pode ser passageira fez com que o governo brasileiro montasse uma força-tarefa para agilizar as autorizações aos frigoríficos nacionais interessados em exportar. As empresas habilitadas por Moscou só podem embarcar carne ao país após receberem também o selo do Ministério da Agricultura.
Um formulário simplificado de autorização foi criado e fiscais foram orientados a priorizar averiguações nos frigoríficos indicados pela Rússia. Hoje, 94 já estão aptos a exportar, ou seja, têm habilitação russa e brasileira, segundo Feijó. Outros nove foram excluídos do processo e dez aguardam autorização.
Desde o final de 2013, o governo brasileiro se empenha em estreitar os laços com Moscou na tentativa de simplificar o processo de habilitação. Com o novo cenário, o assunto passou a ser tratado como prioridade, disse Feijó. Com informações da Folha.