Publicado em 29/07/2014No interior do Paraná, criadores de gado estão assustados. O rebanho virou alvo de quadrilhas violentas. Já tem até fazendeiro trocando o pasto por lavoura.
Sob a mira de uma arma, um homem foi obrigado a ajudar os ladrões a levar 59 cabeças de gado da fazenda onde era caseiro em Guarapuava, região central do Paraná. "Daí um já ‘ponhou’ o revolver na minha cabeça e outro com a pistola na barriga, pediu para me sentar lá. Que não era para nós reagir, que não eles matavam ‘tudo nós’”, conta.
Em Nossa Senhora das Graças, perto da divisa com o estado de São Paulo, outro homem ficou oito horas como refém dos bandidos. Eles levaram 26 cabeças de gado da fazenda. Segundo ele, os ladrões tentaram se passar por policiais militares. "Chegou numa boa, assim normal. Falou que era polícia e foi levando no papo, só. Aí, de repente, ele anunciou o assalto”, afirma.
Só na região noroeste, onde está o maior rebanho bovino do estado, já foram roubadas 395 cabeças de gado entre 2013 e 2014. Os roubos acontecem sempre à noite, com bandidos fortemente armados que levam o gado em caminhões. Em uma fazenda, em Santa Isabel do Ivaí, os ladrões levaram 73 animais de uma só vez.
Segundo a polícia, quase todos os roubos registrados no Paraná foram planejados por quadrilhas especializadas. Gente que, inclusive, já tinha para onde levar o gado. De acordo com as investigações, geralmente, o gado roubado vai para frigoríficos clandestinos e fazendas, algumas até de fora do estado, onde são vendidos por um preço bem abaixo do que o praticado no mercado.
"Nós estamos investigando esses casos, para que a gente apure se tem ligação. Se é uma quadrilha única, específica, que pratica esses furtos em vários municípios. Ou são pessoas isoladas que se reúnem para cometer crimes e retirar os animais da propriedade rural”, afirma Luiz Carlos Mânica, delegado
No sítio do Seu José, dez cabeças de gado foram roubadas. Um prejuízo de quase R$ 10 mil. Foi o terceiro roubo na propriedade. Cansado, ele desistiu de criar gado no sítio. “Melhor passar um veneno, fazer um cultivo de mandioca e modificar, porque gado aqui acho que não vai voltar tão cedo", diz José Benedito Camargo, produtor.
A Polícia Militar informou que criou uma patrulha rural só para combater roubos em sítios e fazendas. Com informações do Bom Dia Brasil.